segunda-feira, 26 de maio de 2008
Rapidinhas
Pois as benesses da vida moderna não resolvem a treta mor. Me dei conta disso outro dia, enquanto pensava nos Flintstones e nos Jetsons. Realizem; o George alcançou tudo aquilo com que Fred sonhava. Bugigangas para nos reduzir a carga de trabalho, robôs como vassalagem, zero por cento de bandidagem e semana de quatro dias de trabalho. Trabalho fácil. Lógico. Pois o trabalho do George consistia em apertar UM(1) botão, enquanto Fred suava às bicas trampando naquela pedreira. Mas não nos esqueçamos que chefe só muda de marca de charuto, porque seja nas cavernas, seja na era espacial, é tudo igual. Alguém aí via alguma diferença entre o Sr. Spacely e o Sr. Pedregulho? Tanto Fred quanto George odiavam o chefe. Ambos distantes. Ambos infelizes.
O trânsito em São Paulo piorou.
E a pobraiada vem chegando com tudo. (90 milhões de almas, arredondando). E eles vêm que vêm! Financiando carros em 80 meses.
Mas o departamento de economia aplicada da Universidade de Massachusets ainda não conseguiu relacionar os fenômenos.
E tem também os transeuntes. E esses então? Meu Deus, os transeuntes...
Posso processar a HBO por propaganda enganosa? Me venderam aquela Sarah Jéssica Parker como gata e agora percebo que é baranga. Sempre duvidei da doçura da Sarah Jéssica. Pois agora que começou o bafafá sobre o filme "Sex and the City", tenho visto o rosto dela em todo lugar. Aí resolvi submetê-la ao teste Penha-Lapa. Não conhecem? Pois bem. Basta imaginar que está no Penha-Lapa às 7 e meia da matina indo para a firma. Aí, entra a Sarah Jéssica sem maquiagem, indo pro trampo. Você fica olhando ou continua dormindo? Pois é. Eu também.
Assisti alguns episódios da série (de mesmo nome). Mulheres liberadas morando no centro do Universo com acesso irrestrito a toda forma de prazer contemporânea, contanto, claro, que seja "comprável". A outra parte, amorosa, ou romântica melhor dizendo, é mais barra. Tirando todo trólóló é isso. Se meu gênero fosse outro talvez gostasse. E vende como água. Afinal, é romance. E o que se compra é o que se quer. E só quer-se o que não tem-se.
Depois de assistir à série fiquei pensando. Como somos diferentes, homens e mulheres. E nos rendemos a elas, casando. Machado de Assis disse "Os homens aceitarão algemas, se as houver bonitas". É. O Machado manjava.
Adeus
Ps. Para os interessados no teste Penha-Lapa, saibam que existe também o teste Pompéia-Sacomã. Uma variação, onde o protagonista deve se imaginar de pé, e não sentado. Afinal, não é todo dia que a sorte nos sorri. Quoi faire?
segunda-feira, 19 de maio de 2008
Go Speed Go!!! ou: Nossa, Que Olhos Grandes Você Tem!!
Se ele tivesse assistido a Akira, teria se lembrado que por trás de uma obra prima, nunca tem um povo tosco. E o que mais senão a arte para naturalizar a todos nós numa mesma pátria superior?
Tomar duas cacetadas nucleares na cabeça é muito punk. O resto é coisa de maricas. As bombas foram o ingrediente final, que misturados com tradição milenar em disciplina, culminaram em Akira, animação de Katsuriro Otomo, de 1988: uma ficção pós-apocalíptica que catapultou o Japão ao nível de produtor de animação como grande arte, ao lado dos EUA. Mas a diferença é que “ pós- apocalíptico”, no Japão, não é ficção.
(a cena se passa no quarto minuto.)
O sofrimento imposto pelas bombas e a desmoralização da derrota achou vazão no mangá, uma das poucas alternativas de entretenimento no Japão do pós guerra. Com tudo reduzido a tapete de escombros, era isso ou ir no cinema, que significava sentar no sereno vendo projeções na parede de uma casa, onde a população local se reunia - quando descolavam um projetor...Numa dessas, o mestre Osamu Tezuka decidiu retomar a arte dos pintores de pergaminhos do século XII e gravadores de madeira do século XIX e inventou o tal Mangá, a história em quadrinhos japonesa.
Hoje parece lugar comum, mas foi ele quem arranjou uma forma inédita de representar movimentos através de linhas de ação e repetição de imagens.
As animações americanas foram grande influência no trabalho do Tezuka. Durante a década de 50, o mestre ia no cinema e via o mesmo filme trocentas vezes, porque queria analisar um desenho ou uma cena em particular. Gravava na cachola, voltava pra casa e rabiscava. Logo, os olhos enormes dos personagens de Mangá advém de um exagero sobre a referência americana de Tezuka, não do complexo, como muitos acham. Ele padronizou e o resto seguiu. E até hoje, heroína de desenho japonês tem a cara da Betty Boop.
Americano faz, japonês desmonta pra ver como é e refaz melhor. Pensamos que isso fosse exclusivadade da Mitsubishi e mais recentemente, Honda, mas com animação não foi diferente. Eles expandiram as possibilidades da animação limitada criada por Hanna-Barbera desenvolvendo uma maneira única de contar histórias de ação. Logo, quando a animação japonesa chegou na América na década de 70, a molecada americana se deu conta que a maioria dos desenhos made in USA para a TV era inferior em gráfico e conteúdo ao equivalente djép e se apaixonou. Entre essa molecada estavam os irmão Wachowski, que cresceram e encheram os orifícios de bufunfa regorgitando manga e anime em sua trilogia Matrix e agora que conseguiram autonomia, se dedicam a fazer o que bem entendem. E o que bem entenderam fazer por último foi uma versão de Speed Racer, um dos primeiros animes a chegarem na América. Agora vão mandar tudo de volta ao Japão em estilo “Neo New cinema Novo” (eu que cunhei) e influenciar toda uma molecada de Tóquio, Nagasaki, etc. apaixonada por videogame e histórias de ação. O círculo se fecha.
O Neo New cinema Novo foi criado em Sin City, de 2005. Até então existia o filme, a animação, a adaptação de animação em filme, o contrário, e o filme com animação (tipo Roger Rabbit). Em 89, Warren Beatty encarnou Dick Tracy, num filme em que os cenários reproduziam tão fielmente quanto possível o universo da tira. Mas Sin City deu um passo muito além. Foi o primeiro filme onde o universo foi recriado digitalmente e os atores (de verdade) alterados, também digitalmente, para serem inseridos nesse universo. É como ver o quadrinho na tela. Eu, particularmente, acho filme chato, mas o visual é um jab no queixo. É lindo de morrer.
Agora, qual o segredo do sucesso? Ora. É um desenho sobre carros. Meninas e meninos brincam de carrinhos. Meninos brincam melhor, pois sabem fazer acidentes mais espetaculares. Aí fazem um desenho sobre carros? Irresistível.
Ainda que você não partilhe do entusiasmo da molecada ou dos fãs, É inegável que está-se diante de algo novo. Se quiser ver no que o mundo está se transformando, é uma boa oportunidade...
segunda-feira, 12 de maio de 2008
Fui num Pagode na casa do Gago ou: Walt Hitler encontra Adolf Disney
Havia poucos gatos pingados quando cheguei, porque fiz a bobagem de chegar só hora e meia depois do horário sugerido. Saber eu sabia, tanto que inclusive, já fui almoçado. Churrasco, só almoçado. Casamento, só jantado. Se tudo der muito certo, o máximo em desconforto é ter que comer duas vezes. Melhor sobrar que faltar.
Bom, chegando mais cedo, raciocinei, posso sair mais cedo e fazer o que tenho para fazer porque sempre tem coisa pra fazer. O raciocínio, é pena, só funciona quando a razão e o bom senso não são ultrajados, o que é de praxe em churrascos.
Havia uma garota... seu rosto anunciava o seu QI. Inversamente proporcional à meiguice. Preferi o xaveco número sete, porque não estava conservador naquele dia, mas quebrei a cara porque ela não costumava assistir o Scooby Doo quando criança, não conhecia o Salsicha e não sabia o que era “larica”. Não pegou a piada. Lhe preferiu mais falar sobre os absurdos dos jornais. Fui-me alhures.
Me cercaram uns filisteus. Fulano, mais cicrano e beltrano. Passei a mão na testa para ver se tinha plaquinha dizendo “alugai-me”. Nada tinha e nada entendi.
Um me disse das melhorias no carro. Faróis de milha, rebaixamento e funilaria, se não me engano. Os outros dois estavam invejosos. Nada disseram, mas via-se.
Tinha uma galera bebaça. Mas tudo bem, porque pode. Senão, não teria propaganda com gente bonita na televisão. Do que não tem propaganda é que não pode, porque faz mais mal. Vicia e as pessoas fazem coisas que não fazem quando estão no seu normal. Se o governo decidiu, tá decidido.
Conversei com alguém. Gente boa até. Tiago ou Diogo ou Diego. Não lembro. Falou que nunca tinha imaginado que de fato Walt Disney e Hitler tinham várias coisas em comum. Hitler era artista frustrado. Walt também. Walt, assim como Adolf, tinha várias idéias que apeteciam às massas e, sendo artista medíocre, contratou gente talentosa para executá-las. Os dois odiavam judeus, crioulos e toda a "ralé". Os dois também adoravam o clássico e repugnavam o moderno. Os dois usavam bigodinhos de gosto duvidoso.
Os dois lutaram na primeira guerra e ambos “viram a luz” entre balas e morteiros. Adolf, quando foi ferido - e então no hospital militar - deu vazão à sua criatividade escrevendo o Mein Kampf. Walt, quando dirigia ambulância na França e teve contato com os livros de autores e ilustradores europeus do século 19. Walt encaixotava e mandava tudo o que podia de volta para a América, e foi assim, tendo milhares de livros como material de referência, que conseguiu fazer com que seus artistas recontassem os contos clássicos europeus com tamanha maestria. Afinal, de Branca de Neve à Bela Adormecida, passando por Pinóquio e Cinderella, tudo é adaptação de conto antigo, nada é história original. E mesmo Walt tendo mudado as partes para as quais não tinha estômago, não conseguiu suprimir todo o horror contido em Branca de Neve, por exemplo. Pra criança my ass...
Mas, verdade seja dita, havia diferenças. Adolf era revolucionário. Walt, reaça. E Adolf tratava os seus próximos muito melhor do que Walt. Certa vez, a esposa Lillian advertiu Walt sobre como Ub Iwerks olhava para ele como se quisesse matá-lo. Ub foi quem de fato criou o Mickey e animou os primeiros trabalhos quase que completamente sozinho. O recorde de desenhos feitos num dia acho que ainda é dele. Setecentos.
Em 1928, Ub elevou Mickey a status de “star” em Steamboat Willie e ainda assim Walt não ouviu Lillian, continuou a destratar Ub e perdeu-o, como viria a perder muitos de seus melhores artistas. Sem contar o perrengue pelo qual teve que passar e os sapos que teve que engolir durante a grande greve do seu estúdio, em 1941.
Hitler seduziu o mundo transformando arte, ainda que de gosto debatível, em propaganda política. Funcionou horrores, mas eu acho baiano. Aqueles estandartes, todo mundo vestindo falando e pensando igual na mesma hora. O filistinismo bovino... Arghh! Walt tinha muito melhor gosto.
Mas o Diogo (ou seria Tiago?) e eu concordamos que embora Walt tenha praticamente escrito a bíblia de como enfiar produtos goela abaixo de todo mundo, o legado de Hitler foi muito mais nefasto, pois o estilo de propaganda que o seu ministro Goebbels inventou rende frutos até hoje, sendo amplamente usada por Michaels Moore e Georges Bush. Igualzinho.
Às tantas, pensei “vou-me”, mas errei ao anunciar porque rolou o “ficaí!”. Sempre rola o ficaí!. Fui, levei o violão, cantei canções e até Kaiser bebi, mas, na hora de ir embora, em uníssono:
- Qui, ô! Magina! Ficaí!
- Não, eu tenho que ir...
- Deixa de frescura. Ficaí!!!! Toma mais um limão que você fica bão.
Fiquei, mas só o suficiente para esquecerem que eu estava lá e então pratiquei uma saída pela esquerda à francesa. Um sujeito desolado que fitava a rua, me perguntou se eu ia para o norte. Respondi que para o sul. Agora mais desolado, ele disse que tinha vindo com um amigo e que agora queria ir embora, mas seu amigo queria ficar. Muito provavelmente até o final. Pelo tom que adotou, “até o final” parecia haver uma eternidade. Fazer o quê? A vida é afogamento e salva-se quem pode. Fui-me.
Esse pesadelo costumava ser recorrente quando eu era adolescente. Hoje, menos. Têm outros do tipo, afinal a ditadura social encontra várias formas de nos encher os pacová.
Ah, e em tempo.... Ninguém pediu para eu tocar nem Raul, nem Led, nem Pinky. Mas uma indiferente bradou: “toca um forró!”. Pena que eu não estava com a minha gaita para que ela pudesse pedir Beethoven.
Adeus
segunda-feira, 5 de maio de 2008
Será que Tony Stark ainda tira onda que é cientista espacial? Ou: Teria o mundo mudado ou foram só as bombas?
Tony Stark, o Homem de Ferro, é manguaça. Imagina-se que o seu pior inimigo seja o Besouro, o Barão Zemo ou o Mandarim, mas não. É a cana mesmo. Foi ao médico e acharam 15% de sangue na corrente alcoólica dele. Aquelas coisas...
Tudo coisa da Marvel Comics que chegou no mundo dos quadrinhos como o tio fanfarrão no domingo de manhã. Causando e incomodando. Tal qual os hippies, as feministas, os negros e os jovens franceses fizeram ante o status quo. Os heróis da Marvel, nascidos durante as turbulências dos 60, enfrentavam encrencas de gente grande, como pagar o aluguel (Homem-Aranha), tretas familiares (Quarteto Fantástico), ser alvo de preconceito e racismo (X-Men, Luke Cage), sem contar o Hulk, coitado, que tinha mais problemas que a delegacia de Osasco. Tudo isso contrastava com os heróis da DC Comics, que atingiram os píncaros da fama em 40 e 50. Eram Super Homem, Batman, Mulher Maravilha, Flash, etc. que como Deuses do Olimpo, limpavam a Terra dos indesejáveis com a mesma facilidade com que Samantha requebrava o nariz. Era o otimismo do pós-guerra.
Mas quando chegaram os 60/70, com o Vietnã e todo o resto, os heróis tiveram que endurecer. Stan Lee percebeu isso e fundou a Marvel, que viria a contribuir horrores na construção do mercado americano de ícones pop e então, além dos supracitados, criou o Homem de Ferro, que estreou em revistinha em 1963 a doze centilascas preço de capa e que hoje chega aos cinemas em megaprodução de US$150 milhões.
A história é conhecida. Durante a guerra do Vietnã, o bilionário Tony Stark é alvejado e precisa criar um marcapasso ultrasofisticado para não morrer, e no processo descobre os preceitos para criar uma armadura que acaba usando para lutar contra o crime. Na refilmagem, o algoz da vez não é vietcongue, é terrorista. Um hiato aí de 44 anos e o que mudou? O Vietnã parece ter sido o fim do sonho. O oriente médio é a consolidação do pesadelo. Quando somos jovens, há o bem e o mal, fácil de distinguir como o preto e o branco. Conforme envelhecemos, começamos a perceber os vários tons de cinza. Assim as pessoas, assim as nações. A América saiu da puberdade.
A Segunda Guerra trazia objetivo claro. Entrar no continente, ir até o meio, matar o bigodinho. Pronto. Vencido o mal, só restava ir beber. Em Paris, de preferência, que a mulherada tava toda, toda...
No Vietnã, “dominava-se” o inimigo e “poupava-se” a população civil, mas “os rebeldes” continuavam dando dor de cabeça e a moral das tropas ia baixando e os soldados começavam a ficar lélé e a opinião pública era em peso contra.
Já o Iraque parece um clone piorado do Vietnã. Tal qual o Bizarro, sósia tosco do Super-Homem. Piorado porque salvar o mundo é crença de inocente. Conforme a realidade vai nos beliscando, percebemos que estamos entre os sortudos se conseguirmos salvar a nós mesmos. Logo, esse princípio Wilsonianista que molda a política de relações exteriores dos EUA está muito mais caduco agora do que durante o mandarinato Kennedy. Princípio que prega a ajuda aos fracos, fazendo o país agir como o super-herói que sai ao socorro de quem acha que está em perigo sem perguntar se a suposta vítima quer ajuda. Funcionou bem nas duas grandes guerras, quando os princípios nobres da Liga da Justiça eram inquestionáveis. Começou a dar pau na Coréia, e embora tenha falhado de vez no Vietnã, quando os heróis problemáticos da Marvel estavam em alta, as crianças pelo menos ainda podiam assistir a uma versão animada da Liga da Justiça chamada “Superamigos”.
Mas hoje, crianças são crianças por menos tempo e os outrora “Superamigos” estrelam nova série na TV onde matam o presidente e tomam o poder, introduzindo cinza onde antes só havia preto e branco, num momento em que povo e congressistas são em peso contra uma guerra por não terem certeza de quem é bom e quem é mau. Essa é a primeira grande mudança percebida nesse novo Homem de Ferro. O inimigo externo não parece tão amedrontador quanto as insânias frutos da ganância do capitalismo. E os questionamentos sobre o sistema; Stark é o que é graças ao sistema. Quando percebe o quanto este pode ser maléfico, tenta sair e, claro, não consegue. Ou melhor, consegue, mas ajudado pelo próprio sistema. E para quem sabe como a história continua além do filme, sabe que o sistema só permitiu a emancipação de Stark para que ele trabalhe para o próprio, cooptando e perseguindo aqueles que o sistema considera indesejáveis. É chato, mas a vida de verdade funciona assim. Por isso que não consegui imaginar um nome mais apropriado para este blog.
Outra grande mudança foi a tecnológica. Dêem uma olhada na armadura velha do Homem de Ferro.
Assisti muito a ele, em menino, em desenho desanimado, (assista a abertura logo abaixo) pois as únicas coisas que se moviam eram olhos piscantes e boca. Mas era irresistível, pois não era todo dia que eu trombava com um herói “elétrico”, “atômico”, “genial” e “lenha pura” (devia ter um OSCAR para tradutores. A melhor que já ouvi até hoje foi “trabalho de sopro” para “blowjob”, num filme de...) .
Enfim, achava o máximo um herói que se comunicava durante o vôo com o seu amigo Rodhey através de um rádio de superfrequência embutido na armadura. Hoje, qualquer moleque com um celular, um ipod e um Gps daria um pau no aparato tecnológico do Stark dos 60. Tirando os raios, lógico. Hoje, embora todas as seqüências de ação de tirar o fôlego e patati-patatá, não há moleque que se impressione com as funções ultra-modernas da armadura de Stark. Tirando os raios, lógico.
Em guerra, por séculos, o maior inimigo foi o outro exército. Hoje, é possível também perder para a opinião pública, pois essa pode perceber ou ser levada a crer, a la ovelha e cão pastor, que tudo não passa de engodo. Antes demorava mais porque precisávamos esperar alguém que foi ver voltar para nos contar. Como o Walter Cronkite que era âncora do jornal da CBS e num ato de coragem, foi cobrir a guerra do Vietnã de perto e depois de ver uma ofensiva onde o exército metralhou por dias um barracão de onde no final saíram duas pessoas, voltou pra casa e anunciou “...fizemos o que pudemos, agora vâmbora” e começou o efeito dominó que mudaria o ponto de vista da opinião pública americana.
Hoje, não. Com toda essa parafernália, um milico negligente tira com o celular a foto de preso de guerra sendo torturado e na manhã seguinte está no New York Times e à noite, no Jornal Nacional. Se na guerra do Vietnã levaram dezesseis anos para perceberem que não havia como ganhar, na do Iraque não chega, aposto, a oito.
Pode parecer impossível assistir a Homem de Ferro e dissociá-lo de uma visão política. Mas não é. É entretenimento de primeira e merece ser conferido. Também porque daqui a 40 anos quando sair “Homem de Ferro super holográfico 3D” num cinema perto de você (rimou sem querê) poderá checar o quanto a humanidade evoluiu. Se é...
Em tempo... fique até o final dos créditos e verá como uma nova era se anuncia...