quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O que aconteceu com o meu rico dinheirinho? ou: Sub Pop 20 anos

Uma coisa é liberar 700 bilhões de paus para ajudar vítimas de um meteoro. Outra, é fingir que é a única solução para uma crise que os gurus financeiros sabiam que chegaria. E todos os liberais que conheço, que sempre foram contra qualquer intervenção, hoje, Shazam!!!!, viraram a favor, pois senão “os danos serão maiores”. Sei... 700 bilhões dos bolsos dos contribuintes para consertar molecagem de espertalhões do mercado. Sem quaisquer explicações, discussões ou paredão (hmmm, paredão....). Que sorte a minha, de trabalhar com comédia. Mas às vezes, minha barriga dói...

olha, pessoal, sou neo liberal, viu... mas quando a coisa engrossa, eu grito SHAZAM e meio que dou uma transformada aí...

Se deixarem tudo ruir por terra, ninguém vai ficar paupérrimo. Bom, pelo menos não tão paupérrimos quanto os personagens do último filme do Walter Salles, linha de passe, onde todo mundo é pobre. Em filme nacional, 90 por cento das vezes, todo mundo é pobre. Talvez façam um cinema que queira retratar a realidade, mas quem quer realidade, que vá andar na rua.


Me dizem que esse é melhor, porque não tem nem discussão, nem vitimização. Mas ainda assim, minha religião continua não permitindo ir ver pobraiada no cinema.


Sei que parece insensível, mas boa história é boa história. Assim como bom personagem é bom personagem. Independente da classe social na qual a história se passa. E falar de filosofia fazendo filme com Robin Williams em colégio tradicional tipo inglês é fácil. Quero ver fazer um usando kung fu numa ficção científica interpretado pelo Keanu “porta” Reeves. Por isso que curto os Wachowsky. Por isso que curto Matrix.


O primeiro, claro. Os outros dois, não reconheço. Se bem que acho que os Wachowsky também não.


Enfim, quem quer ficar rico, que vá produzir. Nem que seja parafusos. Essa galera de Wall Street inventou o “ficar rico sem trabalhar”, movimentando dinheiro daqui pra lá. E isso lá gera dinheiro? No máximo, faz ele trocar de mãos. E estamos vendo bem para que mãos ele vai. Ajuda o cacete! Deixa quebrar. Onde já se viu... passar o custo para todas as pessoas respeitáveis que decidiram trabalhar duro para continuarem pobres...

Ei, meninos, vocês acreditam que tem gente que trabalha pra ganhar dinheiro?


Pensei numa trilha sonora para essa crise. Optei por “Everything falls apart” (Tudo desmorona), do Husker Du. Ah, o Husker Du. Punks numa época em que punks eram punks. Depois, zuou tudo. Li no jornal, ontem, que estão comemorando 20 anos de “grunge”, aquela cena musical neo punk da qual Nirvana, Pearl Jam, Alice in Chains e a galera da camisa de flanela fazia parte.

Everything Falls Apart: Urgente, violenta e sem mensagens de esperança, tal qual a crise.


Quem inventou a onda foi uma gravadora de Seattle, a Sub Pop que na época, era como a nova “empresa promissora” do mercado. Todos os grandes jornais musicais (Melody Maker, Vox, Rolling Stone) diziam para investirmos em seus títulos. Na época, eu, como um investidor nanico desavisado, saí comprando todos os discos que a Sub Pop lançava...


Depois, fui vendo que muito do que eu tinha investido viraria pó em breve, que tinham mentido para mim e que tudo não passava de uma farra onde poucos enriqueciam e a maioria tomava na cabeça. Quando fui vender alguns dos títulos pelos quais tinha pago uma fortuna, me deram migalhas. Aí entendi o jogo e abri meu próprio negócio. Sim. Vendi Cd’s por dois anos e gosto de achar que fiz um bom trabalho, impedindo que pessoas boas fossem ludibriadas pela mídia e fizessem maus investimentos, tipo Bon Jovi, Mamonas Assassinas e discos tipo “Acústico MTV”. Parece ridículo hoje, mas eram investimentos muito valorizados na época, sabe...


Anos depois viria a saber da história de como a Sub Pop criou uma cenazinha musical nos cafundó dos EUA e fez o mundo todo acreditar que era a oitava maravilha do universo. Assim no mercado fonográfico, assim no de ações. Boa parte do fonográfico foi pro saco por causa da anarquia da internet. Agora, o outro chacoalha nas bases e em breve veremos o tamanho que realmente tem. E seus atravessadores, que ludibriaram até a mãe, também vão pagar pelos pecados. Há! Queimem.


E a frase para fechar este texto fica por conta do Flavor Flav (cover do Tião Macalé), do Public Enemy; “Don’t Believe the Hype” ( Não acredite no que a Veja, a Exame e o William Bonner te dizem).


Adeus


Nojento!!! Não... espera... tô confundindo...

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Mestre dos Magos para vereador ou: A ida dos que não voltaram



Ontém, encontrei um amigo antigo, a contragosto. Ele pensa igual. Nada diz, mas vê-se.
Às vezes, temos que fazer o que não queremos, por respeito à história. E sabe como é com amigo de infância, né? Criamos aquela ponte subterrânea que resiste às intempéries do tempo. Quoi faire?

Gente boa, o Milhomens. Seu super poder consiste em conseguir me tirar do sério em menos de 40 segundos. O faz a esmo. É adepto à trinca “Humanas PUC/USP”, “romantismo sulamericano” e “sandálias de couro”.

Ontém, veio me encher os pacová porque o seu time ganhou. Não é de futebol, que falo. Ele conhece o meu calo. Veio me falar sobre os índices de popularidade ionosféricos do Luís Ignácio. Como tinha acordado inspirado, dei-lhe o que merecia...

Você conhece conhece o Mestre dos Magos, né Milhomens?. Cê tem alguma dúvida, que ele ganharia, caso saísse para vereador? Milhomens vestiu expressão séria.


A abertura de “Caverna do Dragão”


Se saber tudo sobre desenho animado é o meu super poder, então a “Caverna do Dragão” (Dungeons and Dragons) é minha kryptonita. É sem dúvida o desenho mais popular da minha geração. Disparado. Deve ter passado nuns duzentos países e só fez sucesso aqui. É o que chamo de efeito "Faith no More", que por aqui atingiu os píncaros da fama e nos EUA, nem tchuns. E por mais que eu estudasse, revisse e trevisse, nunca consegui formular uma teoria que explicasse tal sucesso avassalador. Agora, o fator Luís Ignácio me deu uma luz que talvez permita resolver o enigma da pirâmide.

A abertura do desenho (que a Globo nunca mostrava) explicava como os pivetes acabaram naquele cafundó. Entravam numa montanha russa num parque e no meio do caminho eram transportados para o mundo do Vingador. História meio mal contada...

Assim como a do presidente. Nasceu, pobre, veio pro sul maravilha na boléia, virou líder sindical, presidente do PT e depois presidente da República. Teria conseguido sem o devido apoio? Há por aí várias fotos do Luís Ignácio com o FHC e outros figurões da época. O que sugere que essa galera janta junto há muito tempo. Sempre ouvi dizer que Luís Ignácio era cria do Ernesto Geisel (penúltimo presidente da junta militar. Governou de 1974 a 1979). Tentei entrar em contato com o Elio Gaspari (que escreveu, ao meu ver, a obra definitiva sobre a ditadura), para que me confirmasse a teoria, mas não consegui.


Luís Ignácio e Éfe Agá Cê; Brodagem mó das antigas.

Hoje, os governos de Lula e Geisel têm vários paralelos. Tipo: fortalecimento da estrutura produtiva nacional, incentivo à exportação e combate às desigualdades sociais e regionais. E o Lula anda por aí dizendo que Geisel foi um grande exemplo de estadista. Se bem que salvo alguns vícios estatizantes, foi mesmo.


Pode parecer teoria da conspiração, esse negócio do Lula ser engenharia do regime militar, mas há duas coisas que a suportam; primeiro: Desde sempre, não importa o lugar, não importa a era, em Democracia, só se entra para o “clube” quando se é convidado. Segundo: Em política, nada nunca é o que parece.


Pois bem... e o Milhomens queria porque queria saber o que raios a popularidade do Lula tinha a ver com a Caverna do Dragão. Simples. Neo liberalismo e falta de concorrência.



Nem o Capitão escapou dos conselhos do Mestre. Veja abaixo:






Trailer


Tudo é grana. Caverna do Dragão era um jogo de tabuleiro conhecido pela comunidade nerd. No início dos anos 80, algum capanga de gravata deve ter visto a oportunidade de ficar mais rico e comprou o uso dos direitos da TSR para criar uma série animada para a televisão. Fizeram 27 capítulos e a série morreu.

Fez sucesso numa época onde a maior parte do que era produzido era lixo encomendado por empresas de brinquedo e feito em escala industrial. Os desenhos costumavam ter 65 episódios por temporada, sendo assim, a qualidade da animação, roteiro e concepção era tosca. O fato de ser um pouco mais “arte” do que meramente um “produto” foi o suficiente para fazer Caverna do Dragão se sobressair. Pois a média era muito, muito ruim.

Tudo é grana. Hoje, se o ministro da economia e o Banco Central fazem tudo “direitinho”, o presidente é Deus. Nos EUA é a mesma coisa. Se a economia vai bem, nêgo vira herói e se reelege. O poder de compra é o indicador mais importante. Vide Clinton e Bush. Esse último, diante do “holocausto” do 11 de Setembro, foi à TV e entre alguma expressão de solidariedade e dose pífia de encorajamento, disse com todas as letras que o que o povo tinha que fazer mesmo era comprar. SHOP. Voilà. É a solução para qualquer fim do mundo. E nós, pra variar, abraçamos o modelo.

O Luís Ignácio faz sucesso numa época em que nenhum outro político sabe falar com o povo. Algum partido tem por um acaso um bom orador? A cúpula do PSDB, por exemplo... eles se reúnem em restaurante de boy para escolherem os candidatos e depois apanham nas eleições, enquanto o Luís Ignácio finge que é pobre e leva todas. O cara é bom....

Milhomens, nessa hora, cedeu. Disse que eu tinha certa razão, o que em seu vocabulário quer dizer ; Droga. Tomei de 5 a 1. Mas não se deu por satisfeito. Queria saber se eu era bom mesmo e sabia qual o final da Caverna do Dragão, pois ele sabia.


“Vocês se acham fã? Se liga, meu. Fã é nóis.” (Olha o Hank, que péssimo)


Já ouvi essa lorota antes. A Caverna do Dragão não tem final. 99% dos desenhos americanos da década de 80 não têm. Um último episódio foi escrito e nunca produzido, verdade. Se quiser ver, clique aqui (em inglês). Ou na versão traduzida iutúbi. Parte1 - Parte2 .


Mas já aviso... eles não estavam todos mortos e o Mestre dos magos não era o Vingador, era só um velho sacana tirador de onda mesmo. E a Uni não era espiã. Era só uma chata de galochas que merecia um tapão na orelha. Ah, se eu tivesse um tacape igual ao do Bobby....

E lembrem-se: “A unificada glória no crepúsculo da redenção é a única que poderá contemplar o porvir das criaturas”. Foi o Mestre do Magos quem disse...


Adeus



L

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Obrigado por fumar ou: Seríamos todos macaquitos?

Isso é um trabalho para o super-home... er quer dizer... para o super lobbysta da indústria de tabaco.

Odeio quando me dão uma baforada na cara enquanto como. Não acho que cigarro e comida combinem. Mas depois que se come, acho assim... tipo... super tudo a ver.

O que os não fumantes não entendem é o prazer que o cigarro traz. Vício por vício, não há quem viva sem. Conheço não fumantes que se afundam em Café ou videogame.

“Ah, mas o cigarro mata também quem está ao lado”. Faz sentido. O que não faz é fumante passivo não se importar com a quantidade de poluentes que o seu carro despeja na atmosfera. Ou então, por que não anda de busão? Idéia, ou se abraça ou desencana. Falta atitude, no nosso tempo...

E se o problema é morrer, então está resolvido, pois tudo mata. Afundamos o cocorucu toda noite em travesseiro com químicos usados para dificultar que a parada pegue fogo. Matamos os fios lá de casa com internet, mouse e teclado “wireless”. Sem contar o celular. Não nos ocorre que talvez faça mal, pois não vemos ou sentimos nada (ainda), mas alguém se surpreenderia se daqui há vinte anos “os estudos comprovassem” que isso causa câncer?

Agora, quem são “os estudos”? Sempre ouço falar deles e nunca me foram devidamente apresentados, Os estudos. E com que facilidade eles chegam dizendo o que é, o que não é, e o mais cabuloso, como as coisas devem passar a ser.

Pois bem, Nova Iorque, Londres, Roma, Paris e Rio caíram, porque Os Estudos assim quiseram e fizeram. Serra diz que São Paulo é a próxima, o que deve criar uma reação em cadeia no resto do país. O Luís Ignácio, em resposta, disse que no gabinete dele, continuará fumando, pois quem manda lá é ele (a melhor propaganda anti-Lula é deixá-lo falar) e nada muda, continuamos rumo ladeira abaixo.

Digo ladeira abaixo porque mais e mais deixamos passar o importante. A questão não deveria ser sobre contra ou a favor, mas sobre quem realmente está decidindo que não deve-se mais fumar. Os mesmos que decidiram que há vinte anos podia-se? Os mesmos que decidem que não se pode usar certas drogas, consequentemente alimentando um mercado negro que gera uma arrecadação brutal? Os mesmos que lavam essa arrecadação em bolsas de valores onde “gente respeitável” ganha o pão ou onde a vassalagem mais sofisticada sonha fazer fortuna? Os mesmos que tentam me convencer que tudo vai ficar bem quando eu tiver carro gostoso, apartamento veloz e mina nova? Sei...

Contra quem, ou o quê, vão legislar em seguida?


Enquanto me barbeava, anteontém, pensei que talvez o governo quisesse proibir o cigarro para aliviar os custos de tratamento com os doentes de câncer de pulmão. Gozado. Não acredito que a maior parte dos fumantes lendo isso vá procurar o serviço de saúde pública quando o câncer chegar. Então penso que talvez o governo esteja legislando a favor de uma maioria, como acho que deve ser. Mas ainda assim, a maioria morreria, se dependesse da saúde que o governo oferece. Hm. Ou o governo tem estratagemas além da minha compreensão ou estamos diante de um novo caso de complexo de terceiro mundo. Complexo que é minimizado sempre que adotamos alguma medida já aprovada lá em cima. Quer funcione ou não. Seja distribuir cotas para crioulos antes de definir quem o é, ou adotar índices econômicos europeus numa economia onde toda a cena cultural poderia ser bancada com o dinheiro de uma única super produção de Roliúde. Sou a favor da proibição. Respeito a opinião de quem é contra. Mas não tolero a macaquice.

A primeira emenda americana nunca é desrespeitada. É louvável. Diz-se o que se quer (menos o auto-censurável, lógico). Mas tem efeitos colaterais. O mais hediondo é o de dar o poder da palavra e do veto aos “implicantes classe A”. Tipo Michael Moore, Al Gore e os moradores milionários da ilha da fantasia (leia-se Roliúde). Falam sobre o aquecimento global e afins e destacam-se por suas imagens e por acharem que sabem mais que a comunidade científica. Esse é os EUA que imitamos. Sempre. O ruim, o tosco, o hediondo. Acredite se quiser.

Mas nem tudo está perdido para os fumantes. Há heróis dignos lutando pela causa. O primeiro é Nick Naylor, do filme “Obrigado Por Fumar” (Thank You For Smoking). Aaron Eckhart, que fez o Duas Caras no Batman, é um lobbysta da indústria de tabaco. Seu trabalho é garantir o direito que a indústria tem de continuar existindo. Isso, num mundo sempre pronto a jugá-lo e condená-lo. Impossível não sentir simpatia por ele. E o filme é extremamente divertido.

O filme conta ainda com Katie Holmes, a senhora Tom Cruise, que esteve no primeiro filme do Batman e J.K. Simmons, que fez o JJJ, o chefe do homem Aranha nos três filmes. Olhaí... dá até pra fazer de conta que é um crossover Marvel/DC.

Ele recarregava a energia fumando. Era a “bagana atômica”.

E não podemos esquecer também do “Oitavo Homem”. Animação japonesa da década de 60 que trazia um andróide que lutava contra o mal e que, pra recarregar as energias, tirava um cigarro do bolso e fumava-o. Ah, que tempos. É, fumantes... proibido ou não, a era de ouro do cigarro chegou ao fim.


Abertura do Oitavo Homem. Não se lembra? Tudo bem... esse passa,vai...


Adeus,


L

Ps. Sou a favor da proibição porque no médio prazo, levariam estabelecimentos a planejar melhor seus espaços. Para mim, melhor que fumar na hora certa, só fumar sob o firmamento.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

USA, nove às seis ou; minha cabeça dói

Noite passada, dormi e sonhei, como quase sempre faço, a contragosto. E como quase sempre, entendi bulhufas quando acordei. Sonhei que eu estava numa caverna, e que três filisteus que haviam subido a montanha e me tratavam de oráculo me faziam perguntas ora esdrúxulas, ora mezzo pertinentes. Aleluia que acordei só me lembrando das mezzo. Seguem trechos de nossa conversa (algumas partes eu tive que reconstituir, pois as lembranças me são nebulosas)

Lovric, o que você espera da vida?

-Nada, ué. Tô aqui tirando onda enquanto o trem não chega. Vejo a morte como o final dos desenhos da Warner. "That's all folks", sem a musiquinha. Mas espero que no meu enterro toquem. Até lá, farei o que puder onde estiver com o que tiver, ou nas palavras de Voltaire, em Cândido, cultivarei o meu jardim. Hmm. Lógico que se puder contratar um jardineiro, melhor.





















A morte deve ser assim. Um dia estamos aqui e no outro, kapult!
E isso é tudo, pessoal.

Lovric, qual o problema do liberalismo econômico em países em desenvolvimento ser uma piada? Você não adora piadas?

-Sim. Mas só as de bom gosto.

E com relação ao filme novo do Batman? Por que você acha que todo mundo achou tão bom? Mesmo quem não gosta de quadrinhos...

Esse negócio aí, viu ô Leonel, (pior é que me lembro do nome, mas nunca conheci nenhum Leonel na vida) é porque a cultura pop está no auge. As gerações que nasceram a partir da segunda metade da década de 50 foram soterradas por cultura pop. Agora, as vítimas recontam as histórias.

Pô. Não dá pra ser menos enigmático?

Ô se dá. A galera que cresceu consumindo USA das 9 às 6, cresceu e tomou o poder. Está dentro dum sistema em que dinheiro é o que manda, logo, tudo tem que ser lucrativo, mas agora, também tem que ser bem feito. Porque os diretores, produtores, atores, conhecem a obra e não permitiriam o mal uso de algo que respeitam ou amam.

Mas... amar não é um verbo muito forte?

É. Mas é esse o verbo mesmo. Tudo que aprendemos a gostar e a praticar quando muito jovens nos segue por toda a vida. Com religião e desenho animado é assim. Mesmo depois de muito tempo, quando nos ocorre que talvez a Virgem Maria não fosse virgem de fato e que o Salchicha do Scooby Doo fazia uso de substancias ilícitas , pois via fantasmas em todo canto e tinha uma larica insaciável, ainda somos incapazes de encará-los de maneira diferente. E vamos às suas defesas caso alguém lhe ofenda a honra.

























Cinco jovens que não trampam viajando sem destino num furgão chamado “A Máquina do Mistério”. Sei... mistério é o que eles carregavam lá trás. Pra mim, era tóchico.

Ah, que exagero. Eu discordo.

Pois então como você explica o fenômeno Heavy Metal? Os caras passam rímel, usam calça de couro, têm cabeleiras, brincos, pulseiras e cantam fino, mas se alguém falar que Iron Maiden era um bando de bicha, sai de baixo. Os fãs vão querer enforcá-lo, queimá-lo, espancá-lo e é possível que depois disso, ainda queiram matá-lo. Depois disso, você ainda duvida que o Heavy Metal receba o mesmo tratamento messiânico que os religiosos despendem aos seus cultos? Como pode explicar o regozijo de um monte de marmanjo ao ver nêgo vestido de arauto do demônio com guitarra transformada em machado tocando a mesma música há trinta anos?

Você quer dizer que são como se fossem xiitas do Metal?

Não disse isso. Mas pensando bem, gostaria de ter dito.

E você? Gostou do filme novo do Batman?

- O roteiro é bom. Mas gostei mesmo do Coringa, porque dá um novo peso ao termo vilão. Os gangsteres de Gotham não são muito diferentes de alguns políticos, advogados, publicitários e especuladores, er.. , quis dizer, investidores, que gostam tanto de dinheiro como todos nós, mas que, diferentemente, estão dispostos a passar por cima de tudo e todos. Diferentemente de nós, também, são saudados como heróis em revista e televisão.

-Tá. Mas e tirando o Coringa. Você curtiu?

-Olha... eu acho uma boa idéia colocar o Homem Aranha saltando pra lá e pra cá num filme. Assim como pôr o Super Homem ou o Homem de Ferro voando, ou o Hulk quebrando tudo quando dá pití, porque não vemos isso na vida real. Em termos visuais, Batman não funciona tão bem como esses outros, porque um cara metido numa roupa de morcego parece alguém que vai ao baile brincar. O impacto não é o mesmo.
Gostaria de tê-lo visto de maneira lúdica, capa esvoaçada, se movendo de maneira impossível, numa Gotham City que não se parecesse com Chicago, mas sim, com Gotham City.

























Ah! Esse sim é o Batman que eu conheço

-quem critica tem que achar soluções...

-Claro! Bastaria ter filmado tudo em “Neo New Cinema Novo” ®.

-New neo...?

-NEO NEW!!! Eu que cunhei. É uma técnica onde o mundo é recriado digitalmente e os atores são inseridos. Veja esse exemplo.




Nesse momento, fez-se a luz (na parede) e as imagens do trailer do novo filme do Spirit
começaram a tomar vida. Nesse momento também, o sonho começou a se dissipar...

Sabe, agora, em retrospecto, esse foi um dos sonhos mais estranhos que tive. Primeiro porque a caverna se parecia com um bar. Segundo, porque o elixir que bebíamos em copinhos baixos e quadrados nos intoxicavam a ponto de fazer com que as palavras saíssem mais lentamente de nossas bocas.
Hmm. E talvez o filme tenha se dado numa tela menor... me lembro que Leonel comandava a projeção através de uns botõezinhos.
Não sei. Tenho certeza que tudo ficará mais claro depois que essa maldita dor for embora. Ai minha cabeça...

Adeus

L

Ps. Para os que pensam como eu e gostariam de ver o Batman com um visual do jeito que ele merece, sugiro um DVD que acaba de sair. Chama-se “Batman - Gotham Knight”. São seis animações dirigidas por seis mestres da animação japonesa. É lindo de morrer. Seguem o site oficial e o trailer.
Site oficial: clique aqui