terça-feira, 24 de junho de 2008

Marcelo Tas e Popeye ouvem A-ha vendo Pixar em mês junino




Cheguei no estúdio semana passada e me dei conta que se antes eu não era lá muito junino, hoje, odeio arraiais, porque o prédio onde trabalho está colado a uma escola e tive que passar Junho ouvindo toda a martelação dos ensaios de quadrilha todo dia o dia inteiro. Alguém aí sabe quem diabos compôs "pula a fogueira iáiá"? Forca ao cretino.

Em menino, gostava de ver os balões, com fogos, subirem. Mas gostava também quando eles não subiam e explodiam em terra. E todos tinham que sair no pinote. E podíamos sentir de perto (alguns, na pele) todo o poder de fogo da Caramuru. Era lindo.

Cheguei em casa segunda passada e para espairecer, liguei a caixa bestificante. Assisti ao “CQC” (custe o que custar), novo programa do Marcelo Tas (Bandeirantes, segunda às 22:00). Mesma coisa que “Pânico”. Só que reformado para agradar o pessoal da “Zona Sul”, como diriam os habitantes do longínquo Leste. Morar numa cidade do tamanho da Suíça pode ser pitoresco, se soubermos olhar para a direção certa.

Tas, como sempre, competente, antenado e digital. E mais que suficientemente inteligente para saber que embora seu programa seja a mais nova sensação da comédia nacional, não pode se dizer que seja a reinvenção da roda (na verdade o programa é uma franquia argentina, e Tas já fez melhor, com Ernesto Varella).

Engraçado o programa é. Lógico que se o alvo da piada fôssemos nós ao invés do outro, seria trágico. Existe uma linha muito tênue entre a tragédia e a comédia. No caso do Brasil, para achar essa linha, só com microscópio.

Os repórteres de Tas saem pela cidade para ver se as regras de estacionamento para deficientes são respeitadas. Descobrem que não. Aí vão à Assembléia Legislativa onde, como era de se esperar, também não são.

O repórter parece achar um absurdo que um deputado não respeite a lei e estacione na vaga. O pega de calças curtas, o embaraça. Faz com ele o que quer. Lógico que é engraçado. Pode imaginar um deputado sadio tentando se justificar ao ser pego de surpresa estacionando numa vaga para deficientes? Se deputados são assim, o que poderia se esperar do povo? E é aí que começa a tragédia.

Talvez o repórter saiba, talvez não. Tenho cá minhas apostas. Mas se o deputado fosse um monarca vindo de uma linhagem milenar criada exclusivamente para mandar, as chances dele ser um cretino seriam menores. Às tantas, o ocidente escolheu pôr o povo no poder e chamou o tal regime de democracia.

E aí passaram a dizer que cada povo tem o governo que merece. Lorota. Em democracia, cada povo é o próprio governo. E pelo que vejo todos os dias na rua, sobretudo no trânsito, não existe nenhuma diferença entre deputados e vassalos. Existem exceções, mas ambos acham que o legal mesmo é ir dormir sabendo que a vantagem foi deles. É assim que funciona por aqui. Ponto. Pronto.

Mas a pior tragédia ainda, eu acho, não é querer levar vantagem. É entrar e sair ano e não nos reconhecermos como o que realmente somos. Tentando fingir que seremos felizes quando chegarmos a níveis de Europa. Ainda que fingindo superioridade enquanto não o formos. Ainda que, feito macacos, imitando o pior que os Estados Unidos têm a oferecer. A má notícia é que se a maioria das pessoas soubesse o quanto custa ser Europa, notaria que jamais poderíamos arcar com a conta. A boa, é que não existe pedra onde tenha sido gravado que temos que se ser como os europeus ou americanos. Não nos custaria nada assumirmos o que somos e, de onde estamos, tentarmos inventar um novo modelo.

Mas cá entre nós... levantar pra quê, se o berço é esplêndido? O Bilac manjava...

Mas do que eu falava mesmo? Ah, sim. De sermos um povo super gente boa que se preocupa muito pouco com o próximo. Isso me lembra um desenho do Popeye, onde o pai dele chegava de ressaca e para poder se recuperar, pedia que o filho fizesse a cidade calar a boca. Que mané senso de coletividade o quê. E quem nunca piorou a vida de outrem por não dar seta ao virar à direita ou esquerda, que atire a primeira lata de espinafre (haja lata).

Quiet Pleeze.1941

Popeye foi criado por E.C. Segar para quadrinhos, em 1929, mas quem popularizou o personagem foram os imãos Dave e Max Fleischer. Esses sim, inventaram a roda e muito mais. Dave era um artista nato, odiava a escola e só se interessava pelo que realmente importava. Já Max tinha como paixão a mecânica, e chegou inclusive a ser editor de arte da Popular Science Monthly.

Do cruzamento da arte com a ciência nasceu primeiro o rotoscópio. Uma máquina que permitia aos animadores desenharem em cima do filme, dando um efeito realista às cenas. Eu particularmente não morro de amores pelo efeito, mas tem gente que acha supimpa. Tanto que fizeram séries/filmes inteiros usando a bugiganga. Você com certeza conhece a rotoscopia. Seguem exemplos. Verifique se de fato acha bonito

Delta State. A primeira série de tv totalmente rotoscopeada. Feita pelos estúdios Nelvana, canadense e Alphanim, francês, em 2004

Lembram do A-há? Pois é. Rotoscopearam “Têique ón mí”

Antes disso, Marx e Dave ganharam notoriedade por volta de 1919 com Koko de Clown, numa série chamada “Out of the inkwell” (saído do vidrinho de tinta) onde personagens em desenho e gente de verdade contracenavam. E aquele coelho panaca do Roger Rabbit, em 89, achando que estava inventando a roda.

Koko’s Earth control. 1928. Muito, mas muito antes de Roger.

E acabaram inventando também a bolinha que saltitava sobre a letra da música para o povo cantar junto, inventando assim tanto a interatividade quanto o som em filmes (havia um tocador de órgão no cinema, que providenciava o som). E inventaram a participação de gente de verdade em desenhos, quando faziam Betty Boop, que alcançou os píncaros da glória em 1931. E esses Simpsons achando que inventaram alguma coisa.

Essa semana estréia “Wall-e”, mais um filme 3D da Pixar. Já comprei o ingresso, porque deixar de ver filme da Pixar no cinema fica deselegante. E pensar que Dave e Max inventaram em 1933 uma máquina que já simulava a idéia de 3D. A Pixar é duca, mas nêgo sair por aí dizendo que eles inventaram o cinema 3D não pode. Fica deselegante.

terça-feira, 17 de junho de 2008

"Visões do futuro hoje ou: sem talento para cartomante"

Sempre é o mesmo trólóló. A ficção científica dita que o futuro vai ser assim e assado e aí quando ele chega, é tudo mentira. Às vezes acertam em gênero e número, mas sempre erram no grau. Os robôs, por exemplo. Que existem, existem, mas os que têm alguma utilidade não têm charme. E os que são belos, para nada servem. Logo, quem achava que teríamos diaristas sem sotaque nem CLT, quebrou a cara.
















A ficção sempre é mais romântica. Mesmo quando cafona.


O futuro atômico apocalíptico a la “Exterminador do Futuro” nunca aconteceu e hoje parece mais improvável que jamais. Já o Big Brother do livro 1984 do George Orwell, esse sim aconteceu, mas ao invés de ser os “olhos que tudo vêem”, virou franquia de programa de TV e inventou um novo tipo de teledramaturgia. Orwell, que era anarquista e lutou na Guerra civil espanhola, deve estar se revirando.

Mas os olhos que tudo vêem existem e são alimentados por nós. São os Orkuts, MSNs, Gazzags, Facebooks, I Googles, etc. onde entregamos de mão beijada o que pensamos, queremos e tememos a qualquer um que esteja disposto a descobrir. Parece paranóia dizer que o Google pode dominar o mundo? Para o governo chinês não pareceu, quando pediu a ajuda dos caras para impedir o livre fluxo de informação no país. Democracia e liberdade é para quem pode. Para quem tem que manter 1 bilhão de nêgo sob o cabresto, é luxo.






















Rosie, doméstica dos Jetsons; Será que dá para programá-la para dizer “dentro da pia”, ao invés de “dendapia”?

Mas amigos me dizem que teremos robôs como a Rosie quando a inteligência artificial evoluir. Falam que no futuro isso vai ser possível e que patati patátá. Será que o meu computador é precoce então, porque tenho certeza que ele já tem pensamento próprio. Reconheço que não sei qual lógica usa, nem quais os fins para as suas ações, mas que já toma decisões por si próprio sem me consultar, ah isso já toma. E pela cara de tacho dos técnicos, quando não conseguem resolver o problema, percebo que não estou sozinho na minha certeza.

Posso dizer que nunca terei um robô em casa. Pelo menos o meu computador, por mais rebelde, não tem como me assassinar enquanto eu durmo, nem por fogo no apartamento, caso role um vírus.

Baseado nessas e outras coisas, resolvi criar uma série em quadrinhos chamada “O futuro hoje”. O primeiro personagem estréia logo abaixo. É o computo. Clique sobre a imagem:













Mas minha idéia não é original. Tex Avery fez mais e melhor em quatro paródias sobre a visão do futuro com “House of tomorrow” (1949) “Car of tomorrow”(1951), TV of tomorrow (1953) e Farm of Tomorrow (1954). Tirando “TV of tomorrow”, muito pouco inspirada (o prazo estava apertado), todas valem a pena.

Avery não achava esses desenhos grande coisa por serem sucessão de piadas desconexas, sem um gancho para a história. De fato não são os melhores dele, mas Avery é como Pizza e sacanagem. Até quando é ruim, é bom.

House of tomorrow

Car of tomorrow

Tv of tomorrow

Farm of tomorrow

Adeus







segunda-feira, 9 de junho de 2008

Os piores do mundo

E o Alf? O nome verdadeiro dele era Gordon, mas Willie, quando o viu pela primeira vez saindo de uma nave espacial que tinha arregaçado o telhado de sua garagem, usou toda a perspicácia que o diabo lhe dera e disse: “Look! An Alien Life Form”. Compreenderam? ALF. Sem sentido em português, então para compensar, os tradutores nos agraciaram com um “o E.Teimoso” como subtítulo. Quando vi isso, mesmo sem saber inglês na época, me lembro de ter pensado; “tem algo errado com quem traduz essas coisas”.

Pior foi My Girl (Minha pequena), estrelando Macaulay Culkin, que saiu por aqui como “Meu primeiro amor”. Aí, fizeram uma seqüência, My Girl II, que ao invés de “Meu segundo amor”, pois o amor era outro, saiu como “Meu primeiro amor II”. Se fosse em Portugal, nêgo não perdoava.

Mas justiça seja feita. Às vezes eles acertam. Como em “Esqueceram de Mim”, também com Macaulay Culkin, que na verdade é “Home Alone” (Sozinho na Casa). Quando veio a sequência, ficou Home Alone2, Lost in New York (Sozinho na casa 2. Perdido em Noviorque). Em português ficou melhor, pois nem em casa ele estava. Êêêêê, Roliúde....

Os pais têm, no mínimo, nove meses para pensar o nome do rebento. Aí nasce e eles me colocam o nome do moleque de Macaulay...

Bom, daí que o Macaulay foi lá, fez Esqueceram de Mim, herdou todos os problemas que o dinheiro pode prover, cresceu e se afundou em drogas.

Antes disso, fez o “Esqueceram de mim II”. Já o III, foi um outro moleque nada a ver. Êêêêê Roliúde....

Esqueceram de Mim 4 poderia ser tanto uma tentativa de fazer uma grana extra com a franquia que o catapultou, como um documentário sobre como às vezes, a vida imita a arte, afundando gente em esquecimento.

Mas que mereceu, mereceu, pois fez parte do conluio que insiste em dar sobrevida àquela besta do Riquinho, a maior piada de mau gosto em desenho que já vi. Um menininho milionário branco, num subúrbio tal qual, ordenando que seus vassalos banhem "dollar”, seu cachorro.



"Não sei como tem gente que prefere andar de busão."

Nada contra os brancos ricos. E entendo que a molecada curta a idéia de ter montanha russa, catapultas e afins dentro de casa e entre na onda. Mas Riquinho é chato porque é um personagem cuja importancia está no que tem, e não no que é, o que o tornaria elegível como representante pop mor da sociedade moderna.

Riquinho , quando gostava de algo, comprava logo dois. Sem amigos e com pai ausentes, se fosse de carne e osso, teria grandes chances de se dar mal a la Macaulay, que caiu e levantou. Diferente de Britney, que continua estatelada.

Mas o desenho não é crítica nem da sociedade de consumo, nem da sua intolerável boçalidade, nem do comércio de gente como mercadoria, ainda que de luxo. Riquinho Rico (Richie Rich) foi criado década de 50, em quadrinhos, no auge do otimismo americano. Sua última incursão à TV, em série animada de 1996, foi cancelada depois de 13 episódios. E hoje, o Richie Rich na ativa é um rapper negão que pegou o nome emprestado, pois como se pode ver em qualquer clipe de rap, vários crioulos já podem cantar sobre "La Dolce Vita" com propriedade. Isso porque saíram “do nada” há menos de 50 anos. Sempre que tenho vontade de odiar a América, me lembro do quanto aquilo é meritocrático. E a vontade desaparece.









O Riquinho de hoje e o de outrora. “É nóis na fita”, diria Obama, se pudesse.

Se por um acaso você está com uma vaga sensação de já ter gostado do Riquinho, não se preocupe. Basta assistir a um episódio do desenho feito por Hanna-Barbera, nos 80, que passa.


Mas do que eu falava mesmo? Ah, sim, do Macaulay. Então...o que vai, volta, porque existe uma ordem no caos, ou como diria o pessoal lá da paróquia, "Deus castiga". E aí Esqueceram-se dele mesmo.

Se bem que às vezes ele dá o ar da graça. Há uns dez anos, o pessoal do Sonic Youth pediu para ele gravar um clip com eles e ele atendeu ao chamdo do dever. Se o Thurston chamar, tem que ir. Como se o Luís Ignácio. Não é a pessoa. É o título. O de Thurston poderia ser "Bastião do rock underground americano contemporâneo". Exagero? Sei não... se houvesse votação, provavelmente atingiria popularidade de Luís Ignácio. E Vox Poppulli...


olha só como cresceu, o Macaulay

O Eddie Murphy fez “Beverly Hills Cop” ( Gambé de Beverly Hills), que virou “Um tira da Pesada”. Nessa, chutaram o balde, pois nunca ouvi ninguém usando nem "Tira", nem "da Pesada" de maneira séria. Mas o sucesso do filme tornou “da pesada” supimpa entre tradutores. Uma comédia finlandesa que se passa na Noruega? Pronto. Um fiorde da Pesada. Nem precisa saber o nome original.

E A Globo entrou na onda e santificou os termos, "galera", "da pesada" e "confusão" para promover os filmes da Sessão da tarde. Se o governo tivesse baixado uma portaria legislando a favor da babaquice, não teria surtido metade do efeito:




"...uma galera muito pirada aprontando altas confusões". Afe!

Em tempo... Murphy confirmou a volta do policial Axl Foley em "Um Tira da Pesada IV", que sai um 2010. Êêêêêê Roliúde...

Adeus

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Eram os Deuses Racistas ou: Cartoon Network encontra Josef Stálin


Virgil Ross, Sid Sutherland, Tex Avery, Chuck Jones, Bob Clampett. 1935.

Oi

Houve um período em que as nações do eixo do bem guerreavam entre si. Até que chegaram à conclusão que era melhor todo mundo ficar amigo e mandar no resto. Mas até decidirem isso em Versailles, jogavam bomba uns nos outros. Uns mais do que outros. Mais em uns do que em outros. Mas que jogavam, jogavam. Fazia Bum e tudo. Era uma festa.

Mas bomba é coisa de soldado e marinheiro. Já manter a moral deles elevada é coisa de cartunista e diretor de desenhos animados. Pelo menos foi, durante a segunda guerra mundial, quando o departamento de defesa americano incumbiu os grandes estúdios de Roliúde a alistarem seus personagens para servirem o Tio Sam. Disney, Warner, MGM, Columbia, Fleischer. Foi uma festa.

Houve um período em que se amarrava gente no pelourinho e lhes davam chibatadas. Depois verificou-se que embora fosse bom negócio fazer a galera trabalhar de sol a sol sem receber um vintém, seria ainda mais rentável se tivessem a própria grana para comprarem as bugigangas que lhes enfiassem goela abaixo. Sem contar que os adeptos do humanismo, fosse via Cristo ou revolução francesa, parariam de encher os pacová dos donos da produção. Então fez-se a abolição. E os libertos fizeram aquela festa, pois não sabiam nem do preconceito, nem do perrengue que teriam que enfrentar antes de virarem cidadãos de primeira classe.

Há trocentas interpretações para ambos os eventos históricos. Vários válidos. Alguns menos. Mas fingir que eles não aconteceram é leviano. Tentar esconder, é criminoso.

Os Bolcheviques russos dizem ter derrubado o regime. Balela. Quando o regime caiu de maduro, eles estavam lá e remontaram os pedaços. A história ensina que pode-se fazer de tudo com um povo, menos deixar faltar pão. Faltou pão, ferrou. O Czar Nicolau II, tal qual Luis XVI, deixou faltar pão e tomou uma revolução nas fuças. Taí. Só assim faremos a nossa. Quando não sobrar mais dinheiro para comprar Wickibold no Pão de Açúcar.

Mas isso é outra história. O que não é, é que quando os bolcheviques "tomaram o poder" Totsky chegou para Lênin e disse: “ô, Vladimir, não é melhor deixar esse negócio de pena morte pra lá? Isso é coisa de czarista, meu”. E o Vladimir; “ah, e você já viu fazer revolução sem matar gente? Parece que bebe...” e continuaram matando. Mas perto do que viria a ser o Stalin, eram fichinha.

Além de baixaréu pós graduado em mandar matar aos montes, Stalin também era capaz do blefe e da mentira. Aliás, ele era tão mentiroso, mas tão mentiroso, que inventou o Photoshop antes do primeiro computador vir a existir. Assim, depois do derrame de Lênin e da expulsão de Trotsky do país (seguido de seu assassinato), o bigodón pôde reescrever a história apagando os seus ex-chapas, assim como muitos outros, das fotografias. Nem o Lex Luthor seria tão ardiloso.


Cadê o camarada que tava aquiiii.....?


Mas agora tenho duas perguntas.

1) É possível que os maiores diretores de desenho animado de todos os tempos tenham sido patifes racistas e preconceituosos por retratarem alemães, japoneses e negros como estereótipos que representavam o ideário popular de sua época?

e 2) O quanto o ato de proibir, censurar e mutilar esses desenhos se assemelha à tentativa de Stalin de "melhorar" (segundo o próprio) a história?

É incrível como os EUA pode atingir extremos. Como a maior democracia da terra pode, às vezes, seguir a cartilha de um dos governos mais facistas e anti-humanistas da história da humanidade?

Pois é...É o que a Cartoon Network faz. Assim como as grandes redes abertas americanas. "Editam" partes de desenhos por acharem ofensivo para os seus telespectadores. Eu entendo que alguns desenhos não devam ser mostrados para crianças, assim como alguns filmes, músicas, livros, etc. porque foram feitos para adultos (Avery admitiu nunca ter feito desenhos pensando em crianças).

Acontece que já tem horários especiais para desenhos que mostram fornicação, bebedeira e cheiração. Por que não colocar esse desenhos nesses horários? Por que não comercializar esses desenhos em DVD com aviso especial, sei lá, algo do tipo “Conteúdo adulto” ou "Atenção!!! Pode ser ofensivo a moralistas filistinos". Seriam soluções. Mas banir? Mutilar? Ah, tenha a santa paciência...

Mas o anarquismo cultural se fez possível e veio a luz. É. Estão (quase) todos na internet. Mas veja rápido, pois os soldados da moralidade se aliaram aos capangas de gravata dos estúdios e estão tirando tudo do ar.

Um maluco de carteirinha disponibilizou todos para download. Louvado seja.

Clique aqui

E aqui segue uma lista dos meus favoritos disponíveis no you tube seguido de um pequeno comentário.

The Magical Maestro



Obra prima do mestre Tex Avery. Detona os negros, os chineses, os havaianos, os caipiras. E eles devem ter curtido. Quem não curtiria?

Curiosidade: Esse desenho é da “Era teatral” quando as animações eram exibidas nos cinemas, antes dos filmes. Às vezes, um fio de cabelo entrava no projetor e ficava dançando na tela. Avery, como não perdia uma piada, achou um solução hilária para o problema. Feito para a MGM, em 1952.

Coal Black and the Sebben dwarfs



Paródia de Branca de neve (Snow White and the seven dwarves) em versão crioula. Snow White, Branca de neve. Coal black, Preta de Carvão. Sacaram?

Dirigido por Bob Clampett em 1943, para a Warner. Não era humano esse Clampett. Não é possível...

The Blitz Wolf




Outro Avery. Paródia dos três porquinhos. O lobo, Adolf Wolf, quebra o pacto de não agressão feito com o porquinhos. Como Hitler quebrou o que fez com Stálin. Feito para a MGM, em 1942.

Der Fuerher’s face

Walt Disney pictures. Dirigido por Jack Kinney em 1943. Impecável e divertido, ao invés de anárquico e cascante. Um Disney típico.

Adeus