terça-feira, 8 de julho de 2008

Foi dada a largada

Me lembro que não sei por quê cargas d’água, queria porque queria que meu pai votasse no Franco Montoro para governador, em 82. Aliás, eu ficava puto quando alguém esboçava predileção por partido que não fosse o PMDB ( eu tinha sete anos mas ainda assim, melhor não tentar tirar conclusões). Apostei com ele que se o Franco ganhasse e eu fosse menino bom, ele me daria um Ferrorama da Estrela de Natal. Ganhou, cumpri, cumpriu.

Outra coisa que me ensandecia era quando alguém dizia que não torcia para o Dick Vigarista da Corrida Maluca e que era para eu deixar de ser besta porque ele nunca ia ganhar. Eu não me conformava que não houvesse um episódio no qual ele não ganhasse. Mentia. Dizia ter ido para os EUA onde assistira um episódio inédito nos trópicos, em que ele ganhava uma corrida na Bulgária. Tinha quem acreditasse, porque a negrice escondia o enrubescer. Mas a maioria sentia o cheiro da lorota.

Ontem, assisti à Corrida Maluca e lembrei das apostas que meu pai e eu costumávamos fazer no vencedor. Apostávamos balas Soft. (é. daquelas coloridas. Parece que proibiram depois que um moleque em Araçatuba se engasgou pra fazer graça).

Corrida Maluca e eleições às vezes têm intersecções. Ora porque uns candidatos são pessoas tão sérias quanto os corredores. Ora porque temos vontade de rir enquanto assistimos os eventos se desenrolarem. Ora porque é impossível ter certeza do vencedor. Dizem que a Marta leva. Não vejo como, se já perdeu a reeleição e se apóia na figura de um presidente que São Paulo, pelo menos, nunca elegeu. Alkmin é conhecido, mas Kassab fez uma administração boa e tem a máquina.

Uma diferença entre a Corrida Maluca e eleições é que na segunda, existe vitória relativa. O Luís Ignácio perdeu todas as eleições que concorreu até ganhar em 2002. Mas a cada eleição, saía fortalecido. As derrotas não eram absolutas. Já o Geraldo concorreu à presidência e teve menos votos no segundo turno que no primeiro. É como perder em dobro.

Sob tal prisma, acredito que a Soninha será a grande vitoriosa. Não me surpreenderia se ela se igualasse ao Maluf em votos. Seria uma grande vitória. E acho que ela merece, pois ela é uma das grandes vítimas da Democracia. Afinal, para tentar promover mudanças na sociedade, teve que organizar um comitê, entrar num partido, em suma, entrar no sistema, pois não há outro jeito. Para mim, esse é o aspecto mais totalitário da Democracia.

Chega de lero lero. Foi dada a largada:

Em primeiro, no carro número cinco, temos Marta Suplicy. De charmosa, não vejo nada, mas ela e a Penélope têm um ar de dondoca inegável. E mais, Penélope tinha uma alavanca no carro com várias funções. De secador de cabelo a batom. Passando por, pasmem, um vibrador. Sério. O carro da Penélope tinha um vibrador. Nunca a vi usando essa função, mas na inocência da infância, sempre me perguntei para que servia. Imagino que Marta não só saberia explicar facilmente como não veria problema nenhum em tal comportamento.










No carro 00 vem Geraldo Alkmin. Pensaram que seria o Maluf, não? Pois é, acontece que colocar as suas vontades à frente dos outros membros da equipe visando apenas o próprio bem é a principal característica do vilão. E nessas eleições Geraldo mostrou essa característica mais que qualquer outra. O Serra fica bem como Mutley, pois nunca sabemos de fato se ele está a favor, ou contra o Dick Vigarista, afinal ele dava aquele risinho sacana toda vez que o Dick quebrava a cara, embora se mostrasse um aparente ferrenho correligionário.










O Maluf pilota o Chugabum, o carro da Quadrilha de Morte. O estilo de vida do Maluf tem tudo a ver com a de um gangster em vários aspectos; ele não se acha mau, embora a maioria esteja convencida do contrário. Entra e sai da cadeia direto. Tem inúmeros processo que ninguém consegue provar e as autoridades sempre crescem o olho quando ele passa. Tem um dos carros menos aerodinâmicos, mas desistir, jamais.













Logo atrás da quadrilha de morte temos o carro cheio de truques do professor Aéreo, pilotado por Soninha Francine. O professor aparecia pouco, mas quando dava o ar da graça, sempre vinha com algo novo, que ninguém jamais havia visto. Queria ganhar a corrida por mérito próprio, sem criar problemas para os outros corredores. Transformava o carro num pula-pula ou simplesmente voava por cima de todos.



















E no carro tanque do exército vem o prefeito e seu secretário. Os dois impondo ordem à maneira militar. Com um poder de fogo que só a máquina pode prover. Não os mais populistas, talvez por isso, não os mais conhecidos, mas com um senso do dever de dar inveja ao Rambo.















Eu achei supimpa quando anunciaram que Mário Fofoca, o detetive trapalhão personagem da novela “Elas por Elas”, de 1982, teria sua própria série. Não só porque adorava o Mário (sem gracinhas), mas porque o conceito me parecia coisa de gênio. Pegar um personagem de uma novela e expandir o seu universo numa série só dele.

Isso já havia acontecido com Odorico Paraguaçu em “o Bem Amado”. Mas quem inventou o conceito, chamado Spin off, foram William Hanna e Joseph Barbera, quando tiraram Penélope e a Quadrilha de morte de “Corrida Maluca” (Wacky Races, 1968) e os meteram em “Os Apuros de Penélope” (The Perils of Penelope Pitstop, 1969), paródia de uma série de filmes de 1914 chamada “Os Apuros de Pauline” (The Perils of Pauline). Nessa série de 1914, aliás, que inventaram o tão famoso “o que acontecerá no próximo episódio...”, assim como foi a primeira a difundir o personagem da “donzela em apuros”.






















Os Apuros de Pauline, de 1914.


Dick Vigarista também ganhou série própria. “Máquinas voadoras” (Dastardly and Muttley in their flying machines, 1969)
E agora aguenta a Sony e a Warner fazendo Spin off de tudo quanto é série minimamente bem sucedida. Hanna-Barbera costumam ser malhados por terem assassinado a animação quando cortaram gente, custo e todo o possível para adaptar as outrora superproduções cinematográficas à nova e parca verba televisiva. É sacanagem chamá-los de assassinos. Digamos apenas que eles inauguraram o neoliberalismo econômico na TV. Êêêêêê Hanna-Barbera...


Abertura de Apuros de Penélope



Rê-rê-rê-rê-rê rê-rê! A Penélope vai morre, rê-rê-rê-rê-rê-rê.


Abertura de Máquinas Voadoras



Medalha, medalha, medalha!!!

Adeus

4 comentários:

piraquara disse...

excelente a correlacao na 'eleicao maluca.' nao tenho duvida que a soninha vai sair melhor do que entrou. enquanto isso o psdb corre um dos maiores riscos dos ultimos anos na capital: ficar de fora oficialmente das bocadas palacianas. vovô fhc e sua turminha dos jardins estao preocupados. seriam sinais de uma reviravolta entre a elite politica conservadora paulistana? serah que o espirito aceemista se move rumo aa capital do estado locomotiva? teria maluf deixado uma heranca duradoura de, aham, fazistas no poder? todas essas respostas e muitas outras serao dadas nos proximos capitulos.

Anônimo disse...

Tomara que o Dick Vigarista continue sem ganhar corridas - já ganhou aquela na Bulgárias, não é mesmo? :o) E os eleitores da Quadrilha da Morte devem se identificar muito com aquele rapaz que dava uma risada louca antes de dizer: "Vamos cair no abismo" :oP.
Não posso deixar de dizer: adorei meu veículo ;o)

Ana disse...

Impagável o Maluf como piloto da Quadrilha de Morte!

andré spera disse...

e aquele pombo que enchia o saco da galera, de qual desenho era? e qual político poderia ser?