quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Eloá e o showbiss travestido ou; Luís Ignácio cara-de-pau

Esses negócio de economia aí, pa nóis, só vai sê marola.


O Obama é crioulo. Por isso, eu não ficaria chocado se ele perdesse, a despeito da máquina de publicidade, da simpatia e do sorriso Colgate.


Dependendo para que lado se pende, o negócio é dizer o oposto do que se pensa, senão, vai-se direto para o calabouço social. Imagine só, dizer que lugar de mulher não é nas Forças Armadas. É o que eu penso, mas não ouso dizer, senão me rotulam machista de imediato, e facista, homófobo e racista de bônus. Sobretudo se o inquisidor desconhecer minha cor da cútis ou for cego ou daltônico.


Existe um livrinho supimpa, sobre como números podem ser distorcidos e entortados ao gosto do freguês. Freakonomics. Recomendo. Em dado capítulo, fica provado por A + B; por quê mente-se tanto em pesquisas eleitorais, sobretudo quando sexo e raça estão envolvidos. Afinal, o voto é secreto, e ninguém quer ir para o calabouço só por não querer votar numa muié ou num negão. Hay que contar una mentiritcha.


E assim caminha a humanidade. Uns mentindo mais, outros, mais ainda. Alguém viu o Greenspan semana passada? Dizendo que errou. Sei. E eu lá tenho cara de mulher de malandro, ô Alan? Ele e sua patota, que coincidentemente são donos das maiores redes de TV americanas, fizeram todo mundo acreditar que investir na bolsa era o que havia de mais supimpa. Fingiram que não viam as grandes corretoras, bancos e o escambau aderindo à farra dos derivativos. E agora vem dizer que errou, enquanto sua patota usa suas emissoras cabulosas para nos mostrar a extensão da tragédia. Só que dinheiro não evapora. Só troca de mãos. Foi pra mão de quem, o dinheiro? Quem hoje, pode comprar bancos, empresas e terras a preço de banana? Ou será que os gurus das finanças emprestavam a quem não tinha e lançavam o pagamento futuro como lucro, criando bilhões, trilhões que nunca existiram? Ou as duas coisas?


Eu errei, foi mal, desculpaí. Tô arrependidaço.


As maiores verdades só podem ser vistas pelas sombras que causam. Agora, em que sentidos devemos confiar, se tudo em nossa volta foi feito para enganá-los ? Sobretudo a mídia, que reduziu informação a entretenimento. Afinal, verdades são indigestas. Especialmente na hora do jantar, se é que me manjam....


Já aprendemos a fazer novela travestida de jornal. Assistimos tudo, de O.J. Simpson a 11 de Setembro, e aprendemos a fórmula, pois aprendemos rápido. As nossas não têm nem perseguição de carro, nem efeitos especiais que fazem Cabum, mas ainda assim, fazem tanto sucesso quanto uma novela com Siozinho Malta, Viúva Porsina e Beato Salú faria. Acabou de acabar uma aí, a da Eloá.


A Eloá virou estrela. Se tivesse se metido nessa fria uns 15 anos atrás, possivelmente teria saído menos famosa, mas sem uma bala no crânio, pois não teria havido Circo. Bom, verdade que o bom e velho Notícias Populares teria estampado na primeira página, claro.


O NP Fez escola. O Jornal Nacional que o diga. Ai, que saudades dos tempos de Eliakim e Cid.


Quando um governo legisla contra a “livre” imprensa é censura. E quando a “livre” imprensa faz o que bem entende sem pensar nas conseqüências? (ai, esqueci que o trema caiu) consequências?


Tanto as mentiras do Pinóquio quanto as do Greenspan, do Lula e da mídia, atrapalham muito a vida dos outros. Mas Pinóquio era inocente e tinha uma consciência, ainda que em forma de Grilo.


Mas as mentiras dos líderes já atrapalharam mais a vida de Pinóquio do que vice versa. Pinóquio foi o segundo filme dos estúdios Disney. Exigiu um esforço hercúleo dos artistas, para que alcançassem o padrão de realismo imposto por Walt. Começou a ser feito no final da década de 30. Estreou em 1940. Walt quase faliu por não poder contar com o mercado europeu, já afetado pela guerra, para recuperar o seu investimento de mais de 2 milhões e meio de paus, pois em 1941 armou-se, ou deixou-se acontecer, o ataque a Pearl Harbor. Antes disso, os americanos não estavam nem aí para a guerra na Europa. Depois do ataque, o sentimento de patriotismo foi aceso e milhares de soldados se alistaram para defender a liberdade no além mar, tornando a guerra, de fato mundial.


“As montanhas devem ser desenhadas como se pudessem ser escaladas. As casas, como se pudessem ser adentradas e quando chegar na sequência da baleia, as águas devem parecer profundas, molhadas e salgadas”. Eram as palavras de Walt à sua equipe. Veja o resultado. Dê tirar o fôlego.


Entre os vencedores, sairiam os EUA, mas sobretudo os banqueiros, que financiaram a guerra, emprestando dinheiro ao governo e cobrando juros, claro. Os mesmos que tinham o controle dos meios de comunicação quando noticiaram o ataque a Pearl Harbor e depois, inflaram o furor nacionalista. Tragédia, manipulação de fatos, guerra, empréstimo a juros. Isso aconteceu na primeira guerra, na segunda, no Vietnã e agora no Iraque. Alta de bolsas, quebradeira e compra do fruto do suor dos outros a preço de banana. Aconteceu em 1907, 1929 e vai acontecer de novo agora. E lógico, cortaram o barato do pobre Pinóquio. Que do mal, é essa galera. Mas que manja, manja.


Bái

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Belenzinho Love Affair

O romance era impossível. Ele, de Itaquera, ela, do Taboão. Haviam se conhecido no SESC Belenzinho. E ainda assim, nada disso os impedira de se encontrarem de novo e de novo e de novo....

Ele quase mandou tudo às favas quando além de levar três horas para chegar em casa, voltando da dela, foi assaltado. Era um domingo à noite. Fosse um Sábado, provavelmente não teria pensado em desistir. Mas no Domingo, já estava com a energia baixa. Quem não está? Sobretudo depois que se ouve a musiquinha do fim do Fantástico. E ele ouvira, passando pela frente do bar do Buda Negrão. Negrão, porque crioulo. Buda, porque gordo.

Mas desistiu de desistir, pois o amor não é lógico. Lógica subvertida, foram lá os dois inventar moda. Falavam em dar uma casada. Ela, mais do que ele.

Lógico.

A mãe dele não se conformava. “Por que não com alguém daqui de perto?” Perguntava em fofoca com a Severina, a Odete e a Lourdes, quase todos os dias, no portão, quando as conversas sobre doença e morte se tornavam tediosas. Com o filho, usava de estratégia sistemática. Provar por “A” mais “B” que relacionamentos a tamanha distancia estavam fadados ao fracasso, tal qual a união da filha da tia Maricota, com aquele rapazinho do Embu. Afinal, eles foram morar perto da casa dos pais dela, no Mandaqui, e depois que a paixão começou a definhar e bateu a saudades dos amigos, o rapaz começou a se afastar. Primeiro, se enfurnava na casa da mãe nos fins de semana. Depois, inventou de passar uma semana lá, outra cá. Aí, a mãe da tia Maricota ainda me vem com minhocas para a cabeça da neta; que ele devia estar saindo com alguma sirigaita. Coitado... justo ele.Feio como um dia sem pão. Jamais achou que ia casar sequer, tendo se acostumado a ter o Coringão como o único amor possível da vida. Enfim, noves fora que, antes de acabarem de pagar a última parcela da Copa comprada na Marabraz, ela pediu o desquite. “Era pra ser o quanto foi. Fazer o quê?” Repete até hoje a sábia tia Maricota. Porém, o moleque neto dela, já de três anos, é mais esperto que a média.

Mas ele não arredava o pé. Dizia que era a mulher da vida dele. A mãe surtava. O pai, grunhia, e às vezes, participava das discusões, mas só durante o comercial.

A mãe, que sempre teve certo fascínio por alternativas alopradas, chegou a fazer despacho para ver se ele mudava de idéia. Ele brincava; mãe, pelo menos coloca um champagne bom junto com um peru decente na esquina da Oscar Freire com a Haddock Lobo e aí quem sabe o Diabo aparece? Cê acha que ele vai vir até aqui a esquina, nesse fim de mundo, pra comer frango com farofa? Vai sair de um inferno para ir pra outro?

Nessa hora entrou o comercial e o pai falou, antes de sair da sala sei lá pra onde: “Até o Pai Nêgo já disse que não tem jeito”.
“Preto Velho!” Corrigiu ela.
Talvez o Cão, o Tinhoso, o Coisa Ruim, pegue mesmo mal com Frango com farofa, pois não só se casaram como foi o único dia da semana que não choveu, afinal ela fez porque fez questão de casar em Março. O pai da noiva que resmungou “todo esse baita trabalhão à toa” se referindo à lona laranja sobre o quintal da sua casa, onde foi a festa.

O Pai Neg...er... Preto Velho foi no casório. Não era nem tão preto, nem tão velho, mas sábio, ah, isso era. No primeiro choramingo da mãe do noivo ouviu:
“Você acha que as pessoas decidem lá grandes coisa na vida? Ele por um acaso decidiu nascer em Itaquera? Acha que ela não preferia ter nascido nas Perdizes? Acha que eles decidiram se gostar? Num tem jeito não muié. A gente sem dúvida colhe o que planta, mas a história grande mesmo, se escreve sozinha.”

Pois é.

E agora ele passa mais tempo na casa da sogra do que na da mãe, que fica mais chata a cada dia. “Já faz três semanas que ele não dá as caras. O que eu fiz pra merecer? E você que não faz outra coisa senão assistir essa porcaria. Devia ter casado com o Messias mesmo”.

“Se tivesse casado com o Messias, não teria ficado tão chata que nem o marido, nem o filho agüentam”, diria o Pai Nêgo, se presente. Verdade, pois quis inventar moda e resolveu casar com quem casou, mesmo tendo mais motivos para se casar com o Messias. “Acontece que o Messias já era desquitado... o povo ia ficar comentando...” ela saca como desculpa sempre que necessário.

E agora cabe ao marido escutar as barbaridades... às vezes ele ameaça de ir embora. Mas só durante o comercial.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Despencou a bolsa do gato Felix, ou: do tempo das coisas

HAHAHA! Será que consigo tirar a solução para a queda das bolsas da minha bolsa? HAHAHAH.

Na fazenda, nasceu um pinto. Quando o fazendeiro vinha dar comida, era aquela festa. Cocoricó pra tudo que é lado. E o Alcides (que era o nome do fazendeiro, não do pinto) fazia um escarcéu dos diabos quando chegava, pois de galochas pesadas contra a madeira velha. Sem contar a bateção de portas.


O pinto, embora burro como qualquer galináceo, entendeu que o som de bateção de portas e galochas contra madeira significava comida, logo, saía de onde quer que estivesse para ser o primeiro na fila do repasto. E a vida seguia feliz.


Eis senão quando um dia, o pinto, que já era quase galo agora, ouviu as portas batendo, as galochas, e foi esperar a merenda. E o Alcides pegou-o e quebrou-lhe o pescoço. E agora o pinto quase galo descansa em paz numa bandeja de isopor lá no Compre Bem do Largo do Cambuci.


Existem duas “morais”. A primeira: viva cada dia da sua vida como se fosse o último, porque num dia desses, vai ser mesmo.


Mas essa não é a que interessa. A importante é a que segue: A nossa idéia de realidade nasce da freqüência. Se foi assim desde sempre, assim para sempre será. E aí baixamos a guarda. E aí tomamos um sopapo.


É incrível como demoramos a perceber que ciclos terminam. Sejam afetivos, políticos ou econômicos. Estamos tão acostumados com eles que nos é impossível decretar-lhes falência. A Marta Suplicy Provavelmente vai tomar um piau do Gilberto. Se soubesse ler as entrelinhas, já estaria aposentada morando em Paris, fazendo compras na Chanzelizê, pois já havia perdido uma reeleição, o que quer dizer tinha a exposição e a máquina a favor, ou seja, tudo para levar e não levou. Não entendeu que seu tempo acabara.


O Alckmin falou em voltar à medicina. Percebeu. Aleluia! Antes tarde do que mais tarde.


Agora, já o Maluf...


Estamos tão acostumados a viver nesse mundo de conto da fadas financeiro que nem nos demos conta que um dia o Alcides chegaria e nos degolaria. A diferença entre o pinto e nós é que o Alcides são os banqueiros, que conseguiram se apossar dos Estados e tomam tudo, de todos, para si.


O fim do mundo começou em 1913. Opinião do Senhor Wilson. Ele próprio se considera o responsável por ter colocado o trem do Armageddon em marcha. Foi ele quem permitiu a criação do FED (Federal Reserve, que apesar do nome, não é do governo), dando o controle do país à galera do mal. E não é nem de Lex Luthor, nem de Esqueleto, nem de Mumm-rá, nem do Comandante Cobra que eu falo aqui. Seguem as palavras de Woodrow Wilson, presidente dos EUA (1912-1921), depois que se deu conta da cag.. er.. da bobagem que fez;


“Sou o maior dos infelizes. Sem me dar conta, eu arruinei o meu país. Uma grande nação industrial é controlada pelo seu sistema de crédito. Nosso sistema de crédito é (agora) concentrado. O crescimento da nação, logo, e todas nossas outras atividades estão nas mãos de poucos homens. Nos tornamos um dos mais vassalos, mais completamente vendidos governos do mundo civilizado. Tampouco um governo de livre opinião, tampouco um governo de convicção e voto da maioria, mas um governo sob o controle e ameaça de um pequeno grupo de homens com poder.”


Nóis é sangue ruim. Mas perto da galera das finança, nóis é fichinha.

Mas existe sempre um contrapeso no universo. Durante o governo do Senhor Wilson, além do FED, nasceu também o Gato Félix.


Félix foi o primeiro personagem de desenho animado capaz de formular a solução de um problema. Formulava tanto, que pontos de interrogação costumavam aparecer sobre sua cabeça. Ele pegava o ponto de interrogação e transformava em anzol, canudo para sopa ou o que fosse necessário. A galera ia ao delírio. Era 1920.


Intelectuais o exaltavam, músicos de Jazz queriam escrever músicas para o desenho e Félix virou um fenômeno internacional. Foi a primeira estrela do desenhos. E os que vieram logo depois, Oswald, de Walter Lantz e um tal de Mickey aí, tiveram suas formas fortemente influenciadas por Félix.


É tudo Félix “cover”.

Quando veio o som, nem o verdadeiro criador de Felix, Otto Messmer, nem o cara de gravata que levou toda a fama, Pat Sulivan, conseguiram adequá-lo ao novo formato por acharem que o que tinham seria eterno. Não conseguiram andar para frente por não reconhecerem que o modelo ao qual estavam acostumados havia se tornado obsoleto. Por não reconhecerem que um ciclo se fechara. Felix perdeu a coroa para o Mickey.


Mas a ganância fez com que Felix tivesse várias encarnações depois disso. Apareceria em três desenhos para o cinema em 1936, produzidos pelo Van Bauren studios e depois, numa série do final dos anos 50, já para a televisão, onde era introduzida sua cabulosa bolsa cheia de truques. Foi essa série que ficou famosa por aqui. Aliás, fez um sucesso do cão nos EUA também. Mas não adianta. Félix que é Felix mesmo, não fala.


Bai!


Nota: Félix ainda teve uma encarnação nos anos 2000 numa série que foi ao ar na Cartoon Network.


E para quem quiser ver o Félix das antiga, seguem os links para os meus episódios favoritos:

Feline Follies 1919 – O primeirão. Meio zuado, mas vale. (aviso: contém suicídio)

Felix turns the tide 1922 – Félix vai à guerra. Como o seu criador, Otto Messmer, foi. E dá pra perceber que viu alguma ação por lá.

Felix trifles with time 1925 – Félix levanta um osso gigante que parece um pênis e “diz” “olha como sou forte”. Não sei... Sulivan foi condenado por estuprar uma menina de 14 anos. Mas a trilha Dixieland é deliciosa.

Felix revolts 1923 – Felix incita um insurreição contra o sitema. Lindo.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Popozudaz Opep ou: uma caipira na Casa Branca


Sarah: Jhon, me promete que se a gente ganhar, você não vai morrer?

Jhon: Prometo qualquer coisa, querida. É a minha especialidade.


Os judeus estão celebrando alguma coisa num colégio aqui em frente. Essa rua costumava ser um caos. Numa tentativa de colocar a casa em ordem, o Kassab canetou, proibindo os carros de pararem a qualquer momento. Parece que agradou a maioria. A alguns ínfimos, nenhuma diferença. Me refiro aos policiais do Deic e outras polícias que esqueço, que têm parado os carros em cima da calçada para garantirem a segurança da judaiada. E precisa ver os cachorros e detectores de bombas. Tenho me sentido em Mãnrátãm.


Enquanto escrevo esse escrito, olho pela janela e penso em pregar uma peça, amarrando uma toalha na cabeça e indo em direção à festa carregando uma caixa de caramurus, mas acho que eles não apreciariam a sutileza da piada.


E por falar em gente de toalha amarrada na cabeça, ouvi uma música pop nacional engraçada, original e bem produzida como há muuuuito não ouvia. E a banda é do Rio, o que torna a incidência ainda mais rara. Pediria para que os cariocas não me odeiem, mas eles já o fazem, então... senhoras e senhores com vocês: Popozudaz Opep, do Cordel Eletrônico.


Daí que me liga o Nicolau no Skype. Ele sempre liga, em época de eleição.

O conheci na terceira C, enquanto éramos formatados juntos, pelos irmãos Maristas. Ficamos amigos quando ele soube que eu também tinha pêgo DP de massinha no pré. Reforçamos os laços quando nos demos conta que gostávamos de política. E mesmo ele sendo do tipo que jogava bolinha de gude no carpete e empinava pipa no ventilador, continuamos a amizade.


Nossa última discussão havia sido sobre o natal dos Flintstones, porque ele achava um absurdo os Flintstones celebrarem o Natal. Eu expliquei que o que eles celebravam na verdade era o mesmo que celebramos hoje. A troca de bugigangas e o Papai Noel velho batuta. Acabamos em dúvida, nos perguntando se o episódio não serviria de símbolo de uma era, onde a festa que costumava celebrar o cristianismo, pilar da civilização ocidental, foi reduzida a badalação consumista. Nos indagando se o liberalismo econômico desenfreado teve alguma a coisa a ver com isso, como teve a ver com a atual crise financeira.


Ei Fred, como é bom podermos celebrar o nascimento de Jesus Cristo nosso salvador com 30 milhões de anos de antecedência, né?


O candidato dele, o Geraldo, vai tomar um chocolate. Ele se diz preocupado porque a Marta pode ganhar. Afinal, aparece em foto ao lado de presidente com aceitação de 80 por cento. Mas concluímos que São Paulo não é nem Maranhão, nem Tocantins e que nunca elegeu o Luís Ignácio, logo, não temos o que temer. Pena que dessa vez não pudemos apostar, pois os dois achamos que o Kassab vai levar. A administração administrativa vai bater a administração política. É o que vale.


Mudamos de país mantendo o assunto. Ele acredita no Obama. Eu acredito tal qual Gendalff acreditou no Frodo, em “O Senhor dos Anéis”. Estava tudo tão zuado que só alguém com uma dose cavalar de esperança e inocência poderia impedir o fim. É a esperança do desinformado (fool’s hope). É a minha esperança no Obama.


Ele me pergunta se há algum personagem de desenho animado Republicano. “Claro!” Eu respondo. “Então prove”. Eu lhe mando o link de “Ballot Box Bunny” (“Coelho da Urna de votação”, 1951, dirigido por Friz Freleng).



Ballot Box Bunny, 1951



Yosemite Sam é o meu personagem favorito dos desenhos da Warner. Por aqui, ganhou o nome de Eufrazino Puxabriga. Às vezes, pirata. Às vezes, beduíno. Sempre explosivo. Foi criado por Friz Freleng, que achava Elmer Fudd (Hortelino Trocaletras) muito burro para ser rival de alguém tão malaco quanto o Pernalonga. Eu concordo com Friz.


Para mim, Friz era gênio. Além de dirigir os desenhos do Sam, dirigiu Frajola e Piu- Piu para a Warner por anos. Às tantas, saiu da Warner e fundou o De Patie-Freleng, junto com alguns veteranos. Criaram a Pantera Cor de Rosa, O Inspetor e uma penca de desenhos bacanas. E não sei vocês, mas acho a Pantera o personagem mais “cool” de todos os tempos.


Friz se inspirou num personagem criado por Tex Avery (tá bom, sem babação de ovo) num desenho de 1939 e, em 1945, desenvolveu Yosemite Sam como o típico americano falastrão disposto a resolver tudo na porrada. Alguém aí tem dúvidas sobre o partidarismo de Sam?



Que mané diplomacia o cacete.Vamos invadir.


Yosemite Sam representa o que tem de mais tosco nos Estados Unidos. Essa galera que prega a paz através de um poder de fogo maior. Eu sou a favor do direito a portar armas, mas reconheço que tenho medo das patetadas que alguns são capazes quando têm uma doze cano serrado nas mãos, se caipira, ou um dedo no botão do míssil, se caipira no Capitólio. Tipo essa Sarah Palin, vice do McCain. Se o velhinho ganha e depois bate as botas, teremos a governadora dos cafundó (Alaska) gerindo o mundo. Brrrrr... (não foi de frio)


Nos despedimos concordando que política é muito frustrante onde quer que se vá. As escolhas sempre parecem estar entre o ruim e o pior. Mas concordamos que nunca podemos nos esquecer de que o sistema em que vivemos, seja qual for, não está gravado em pedra. Não está aqui desde sempre, como a gravidade, por exemplo. Ele foi arquitetado. E sempre pode ser mudado. Que apesar dos pesares, estamos numa era onde podemos opinar e fazer acontecer mesmo sem grandes poderes. Seja lutar contra as autoridades e seus carros nas calçadas até os abusos do liberalismo. Não podemos esquecer que é o governo quem deve nos temer, e não o contrário. E jamais abramos mão do Fool’s hope.

Boa eleição a todos.