quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Despencou a bolsa do gato Felix, ou: do tempo das coisas

HAHAHA! Será que consigo tirar a solução para a queda das bolsas da minha bolsa? HAHAHAH.

Na fazenda, nasceu um pinto. Quando o fazendeiro vinha dar comida, era aquela festa. Cocoricó pra tudo que é lado. E o Alcides (que era o nome do fazendeiro, não do pinto) fazia um escarcéu dos diabos quando chegava, pois de galochas pesadas contra a madeira velha. Sem contar a bateção de portas.


O pinto, embora burro como qualquer galináceo, entendeu que o som de bateção de portas e galochas contra madeira significava comida, logo, saía de onde quer que estivesse para ser o primeiro na fila do repasto. E a vida seguia feliz.


Eis senão quando um dia, o pinto, que já era quase galo agora, ouviu as portas batendo, as galochas, e foi esperar a merenda. E o Alcides pegou-o e quebrou-lhe o pescoço. E agora o pinto quase galo descansa em paz numa bandeja de isopor lá no Compre Bem do Largo do Cambuci.


Existem duas “morais”. A primeira: viva cada dia da sua vida como se fosse o último, porque num dia desses, vai ser mesmo.


Mas essa não é a que interessa. A importante é a que segue: A nossa idéia de realidade nasce da freqüência. Se foi assim desde sempre, assim para sempre será. E aí baixamos a guarda. E aí tomamos um sopapo.


É incrível como demoramos a perceber que ciclos terminam. Sejam afetivos, políticos ou econômicos. Estamos tão acostumados com eles que nos é impossível decretar-lhes falência. A Marta Suplicy Provavelmente vai tomar um piau do Gilberto. Se soubesse ler as entrelinhas, já estaria aposentada morando em Paris, fazendo compras na Chanzelizê, pois já havia perdido uma reeleição, o que quer dizer tinha a exposição e a máquina a favor, ou seja, tudo para levar e não levou. Não entendeu que seu tempo acabara.


O Alckmin falou em voltar à medicina. Percebeu. Aleluia! Antes tarde do que mais tarde.


Agora, já o Maluf...


Estamos tão acostumados a viver nesse mundo de conto da fadas financeiro que nem nos demos conta que um dia o Alcides chegaria e nos degolaria. A diferença entre o pinto e nós é que o Alcides são os banqueiros, que conseguiram se apossar dos Estados e tomam tudo, de todos, para si.


O fim do mundo começou em 1913. Opinião do Senhor Wilson. Ele próprio se considera o responsável por ter colocado o trem do Armageddon em marcha. Foi ele quem permitiu a criação do FED (Federal Reserve, que apesar do nome, não é do governo), dando o controle do país à galera do mal. E não é nem de Lex Luthor, nem de Esqueleto, nem de Mumm-rá, nem do Comandante Cobra que eu falo aqui. Seguem as palavras de Woodrow Wilson, presidente dos EUA (1912-1921), depois que se deu conta da cag.. er.. da bobagem que fez;


“Sou o maior dos infelizes. Sem me dar conta, eu arruinei o meu país. Uma grande nação industrial é controlada pelo seu sistema de crédito. Nosso sistema de crédito é (agora) concentrado. O crescimento da nação, logo, e todas nossas outras atividades estão nas mãos de poucos homens. Nos tornamos um dos mais vassalos, mais completamente vendidos governos do mundo civilizado. Tampouco um governo de livre opinião, tampouco um governo de convicção e voto da maioria, mas um governo sob o controle e ameaça de um pequeno grupo de homens com poder.”


Nóis é sangue ruim. Mas perto da galera das finança, nóis é fichinha.

Mas existe sempre um contrapeso no universo. Durante o governo do Senhor Wilson, além do FED, nasceu também o Gato Félix.


Félix foi o primeiro personagem de desenho animado capaz de formular a solução de um problema. Formulava tanto, que pontos de interrogação costumavam aparecer sobre sua cabeça. Ele pegava o ponto de interrogação e transformava em anzol, canudo para sopa ou o que fosse necessário. A galera ia ao delírio. Era 1920.


Intelectuais o exaltavam, músicos de Jazz queriam escrever músicas para o desenho e Félix virou um fenômeno internacional. Foi a primeira estrela do desenhos. E os que vieram logo depois, Oswald, de Walter Lantz e um tal de Mickey aí, tiveram suas formas fortemente influenciadas por Félix.


É tudo Félix “cover”.

Quando veio o som, nem o verdadeiro criador de Felix, Otto Messmer, nem o cara de gravata que levou toda a fama, Pat Sulivan, conseguiram adequá-lo ao novo formato por acharem que o que tinham seria eterno. Não conseguiram andar para frente por não reconhecerem que o modelo ao qual estavam acostumados havia se tornado obsoleto. Por não reconhecerem que um ciclo se fechara. Felix perdeu a coroa para o Mickey.


Mas a ganância fez com que Felix tivesse várias encarnações depois disso. Apareceria em três desenhos para o cinema em 1936, produzidos pelo Van Bauren studios e depois, numa série do final dos anos 50, já para a televisão, onde era introduzida sua cabulosa bolsa cheia de truques. Foi essa série que ficou famosa por aqui. Aliás, fez um sucesso do cão nos EUA também. Mas não adianta. Félix que é Felix mesmo, não fala.


Bai!


Nota: Félix ainda teve uma encarnação nos anos 2000 numa série que foi ao ar na Cartoon Network.


E para quem quiser ver o Félix das antiga, seguem os links para os meus episódios favoritos:

Feline Follies 1919 – O primeirão. Meio zuado, mas vale. (aviso: contém suicídio)

Felix turns the tide 1922 – Félix vai à guerra. Como o seu criador, Otto Messmer, foi. E dá pra perceber que viu alguma ação por lá.

Felix trifles with time 1925 – Félix levanta um osso gigante que parece um pênis e “diz” “olha como sou forte”. Não sei... Sulivan foi condenado por estuprar uma menina de 14 anos. Mas a trilha Dixieland é deliciosa.

Felix revolts 1923 – Felix incita um insurreição contra o sitema. Lindo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eric,

nas últimas duas semanas você realmente estava inspirado!!
Muito obrigada, ler seu blog é sempre um prazer.