quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Popozudaz Opep ou: uma caipira na Casa Branca


Sarah: Jhon, me promete que se a gente ganhar, você não vai morrer?

Jhon: Prometo qualquer coisa, querida. É a minha especialidade.


Os judeus estão celebrando alguma coisa num colégio aqui em frente. Essa rua costumava ser um caos. Numa tentativa de colocar a casa em ordem, o Kassab canetou, proibindo os carros de pararem a qualquer momento. Parece que agradou a maioria. A alguns ínfimos, nenhuma diferença. Me refiro aos policiais do Deic e outras polícias que esqueço, que têm parado os carros em cima da calçada para garantirem a segurança da judaiada. E precisa ver os cachorros e detectores de bombas. Tenho me sentido em Mãnrátãm.


Enquanto escrevo esse escrito, olho pela janela e penso em pregar uma peça, amarrando uma toalha na cabeça e indo em direção à festa carregando uma caixa de caramurus, mas acho que eles não apreciariam a sutileza da piada.


E por falar em gente de toalha amarrada na cabeça, ouvi uma música pop nacional engraçada, original e bem produzida como há muuuuito não ouvia. E a banda é do Rio, o que torna a incidência ainda mais rara. Pediria para que os cariocas não me odeiem, mas eles já o fazem, então... senhoras e senhores com vocês: Popozudaz Opep, do Cordel Eletrônico.


Daí que me liga o Nicolau no Skype. Ele sempre liga, em época de eleição.

O conheci na terceira C, enquanto éramos formatados juntos, pelos irmãos Maristas. Ficamos amigos quando ele soube que eu também tinha pêgo DP de massinha no pré. Reforçamos os laços quando nos demos conta que gostávamos de política. E mesmo ele sendo do tipo que jogava bolinha de gude no carpete e empinava pipa no ventilador, continuamos a amizade.


Nossa última discussão havia sido sobre o natal dos Flintstones, porque ele achava um absurdo os Flintstones celebrarem o Natal. Eu expliquei que o que eles celebravam na verdade era o mesmo que celebramos hoje. A troca de bugigangas e o Papai Noel velho batuta. Acabamos em dúvida, nos perguntando se o episódio não serviria de símbolo de uma era, onde a festa que costumava celebrar o cristianismo, pilar da civilização ocidental, foi reduzida a badalação consumista. Nos indagando se o liberalismo econômico desenfreado teve alguma a coisa a ver com isso, como teve a ver com a atual crise financeira.


Ei Fred, como é bom podermos celebrar o nascimento de Jesus Cristo nosso salvador com 30 milhões de anos de antecedência, né?


O candidato dele, o Geraldo, vai tomar um chocolate. Ele se diz preocupado porque a Marta pode ganhar. Afinal, aparece em foto ao lado de presidente com aceitação de 80 por cento. Mas concluímos que São Paulo não é nem Maranhão, nem Tocantins e que nunca elegeu o Luís Ignácio, logo, não temos o que temer. Pena que dessa vez não pudemos apostar, pois os dois achamos que o Kassab vai levar. A administração administrativa vai bater a administração política. É o que vale.


Mudamos de país mantendo o assunto. Ele acredita no Obama. Eu acredito tal qual Gendalff acreditou no Frodo, em “O Senhor dos Anéis”. Estava tudo tão zuado que só alguém com uma dose cavalar de esperança e inocência poderia impedir o fim. É a esperança do desinformado (fool’s hope). É a minha esperança no Obama.


Ele me pergunta se há algum personagem de desenho animado Republicano. “Claro!” Eu respondo. “Então prove”. Eu lhe mando o link de “Ballot Box Bunny” (“Coelho da Urna de votação”, 1951, dirigido por Friz Freleng).



Ballot Box Bunny, 1951



Yosemite Sam é o meu personagem favorito dos desenhos da Warner. Por aqui, ganhou o nome de Eufrazino Puxabriga. Às vezes, pirata. Às vezes, beduíno. Sempre explosivo. Foi criado por Friz Freleng, que achava Elmer Fudd (Hortelino Trocaletras) muito burro para ser rival de alguém tão malaco quanto o Pernalonga. Eu concordo com Friz.


Para mim, Friz era gênio. Além de dirigir os desenhos do Sam, dirigiu Frajola e Piu- Piu para a Warner por anos. Às tantas, saiu da Warner e fundou o De Patie-Freleng, junto com alguns veteranos. Criaram a Pantera Cor de Rosa, O Inspetor e uma penca de desenhos bacanas. E não sei vocês, mas acho a Pantera o personagem mais “cool” de todos os tempos.


Friz se inspirou num personagem criado por Tex Avery (tá bom, sem babação de ovo) num desenho de 1939 e, em 1945, desenvolveu Yosemite Sam como o típico americano falastrão disposto a resolver tudo na porrada. Alguém aí tem dúvidas sobre o partidarismo de Sam?



Que mané diplomacia o cacete.Vamos invadir.


Yosemite Sam representa o que tem de mais tosco nos Estados Unidos. Essa galera que prega a paz através de um poder de fogo maior. Eu sou a favor do direito a portar armas, mas reconheço que tenho medo das patetadas que alguns são capazes quando têm uma doze cano serrado nas mãos, se caipira, ou um dedo no botão do míssil, se caipira no Capitólio. Tipo essa Sarah Palin, vice do McCain. Se o velhinho ganha e depois bate as botas, teremos a governadora dos cafundó (Alaska) gerindo o mundo. Brrrrr... (não foi de frio)


Nos despedimos concordando que política é muito frustrante onde quer que se vá. As escolhas sempre parecem estar entre o ruim e o pior. Mas concordamos que nunca podemos nos esquecer de que o sistema em que vivemos, seja qual for, não está gravado em pedra. Não está aqui desde sempre, como a gravidade, por exemplo. Ele foi arquitetado. E sempre pode ser mudado. Que apesar dos pesares, estamos numa era onde podemos opinar e fazer acontecer mesmo sem grandes poderes. Seja lutar contra as autoridades e seus carros nas calçadas até os abusos do liberalismo. Não podemos esquecer que é o governo quem deve nos temer, e não o contrário. E jamais abramos mão do Fool’s hope.

Boa eleição a todos.

3 comentários:

Anônimo disse...

excelente meu velho. estou aqui no meio dos catales me divertindo horrores lendo o blog. mantenha o pique que eu te mantenho informado e cheio de piadas e gags. abracos!

Anônimo disse...

ah, mas entãao poe o crédito, por favor. o nome dele é Fabio camarneiro.
Chico Bela

Cris Sato disse...

Lovric,

voltei para casa e li o post. Quando der, coloque os links de referëncia.

beijo!!

Cris Sato

ps.nossa tarde hoje foi muito gostosa, né? combinamos a próxima!!!