terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Djingoubéu

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Hoje, tudo são vendas. Acabei de pegar um jornal, desses que dão no trânsito, e as notícias estavam na segunda página, coberta pela primeira. A primeira sendo um encarte especial que dizia: "LEVE! LEVE! VENHA APROVEITAR!" E mais outras ordens às quais todos estamos acostumados. Mais acostumados até do que a história que explica nossa atual condição.

Não, não é em quadrinhos. Me refiro à Torre de Babel. No começo, queríamos todos a mesma coisa, trabalhando pelo bem comum. Mas deixamos que a ganância nos corrompesse e como resultado, nos dividimos em tribos, cada um com sua língua, indo atrás do que cada um considera ser o próprio interesse. E nunca mais nos entendemos. E a parte mais perturbadora é: Todos nós ainda queremos a mesma coisa.

Há outra história: o imperador egípcio acordou aos primeiros raios de Rao, o deus do sol, e foi se esbaldar em seu repasto matinal. A caminho da sala de convescotes, notou que um escravo chorava baixinho, num canto. Irritado com a ladainha, perguntou ao seu Sumo sacerdote, Holofot: "Que catzo esse cara tá chorando? Não sabe que costumo atirar gente que me enche os pacová aos crocodilos do Nilo?" E o Holoft: "Sabe quequié... é que o filho dele morreu". O Faraó então, pela primeira vez em sua vida, se deu conta que era possível que talvez os escravos também sofressem.

Esse conto sempre me pareceu um ótimo retrato da era pré-cristã, quando Faraós eram considerados deuses e as grandes economias eram sustentadas a suor de escravos.

Daí, veio Jesus.

Vinde a mim aê, filisteu.

A maior contribuição que Jesus nos deu foi fazer-nos lembrar que tinhamos alma. Hoje, reconhecemos a alma do próximo, ainda que em meio a abusos e injustiças, que mesmo predominantes, são amplamente condenados por todos. Paradoxos à parte, esse lado do mundo melhorou muito, depois da doutrina cristã.

Parêntese. Olha, estou falando da doutrina e fé cristã. Não de abusos cometidos em nome de Jesus, nem de bandeiras levantadas por igrejas que pregaram que algumas mortes eram comandadas por Deus. E também não pretendo aqui colocar o mito em cheque, como andam fazendo mais e mais por aí. Não o faço por dois motivos muito simples: 1) Ele é muito bonito. 2) Ele funciona. Fecha parênteses.

Deveríamos usar o Natal para nos lembrar que estamos batendo a cabeça para chegar no mesmo lugar. Enxergar-nos nos próximo deveria ser tão importante quanto dar presentes, no entanto, parece ser mais difícil. Então que fiquem aqui registrados meus votos. Que aqueles que queiram trocar os abraços do Papai Noel pelos do verdadeiro espírito, tenham força para exercer a tolerância junto aos menos afortunados, seja de alma, vitaminas ou cascalho. E também que consigam força para estender a prática pelo resto do ano. É punk, mas rola. Boa sorte.

Mas Natal é festa e festa tem que ter música, né? Tirando djingoubéu, a melhor música de Natal, na minha opinião, é “Do they know it’s Christmas time?” do Band Aid.

Lembram-se do Rock contra a fome na Etiópia? Pois é. Tudo começou com Bob Geldof. Bob nasceu na Irlanda e depois de várias primaveras, montou o Boomtown Rats. Teve muito sucesso por pouco tempo. Sendo do tipo faz tudo, brincou um pouco de ator até descobrir seu maior super poder; o de fazer lobby. E convenceu o Midge Ure, do Ultravox a gravar um disco de ajuda aos mortos de fome etíopes. Teve a supimpa idéia de chamar os maiores músicos pop da época, de Sting a Bono, passando por Girl, quero dizer Boy George e George Michael. Pronto. Ainda hoje detém o título de single mais vendido do Reino Unido de todos os tempos. Você com certeza se lembra dessa música:



Aí foram os americanos e imitaram com "We are the world". Éca.

E aí vêm as paródias. Primeiro, nos Simpsons, a música que os artitas de Springfield fizeram quando o Bart ficou preso no poço. "We´re sending our love down the well", com participação do Sting. Segue a letra e a música.
Segundo, o vídeo que os artistas brasileiros gravaram pelas vítimas da enchente no Nordeste em 85. Se lembra disso? Até ontém, eu estava convencido que tudo não tinha passado de um sonho ruim. Maldito YouTube.



E venho por meio deste, informar que estarei ausente durante as próximas semanas. Provavelmente de cangas, fazendo chongas, pois embora ateu, também sou filho.

Um feliz e próspero para você e para os seus.

Logo mais tem mais.


L

4 comentários:

Anônimo disse...

Detalhe: na Etiópia eles são ou judeus ou muçulmanos, ou seja, who cares if it's christmas or not? Sir Bob se esqueceu apenas deste detalhe.

Feliz Natal e que em 2009 o mondozuado volte com tudo!

Ciça.

Anônimo disse...

Caro Eric, como não descobri seu e-mail, venho por aqui mesmo. Meu nome é Ney Trevas e participo de um grupo de pesquisa na UERJ chamado Linguagens Desenhadas e lá, faremos um evento com cartunistas, animadores, ilustradores e etc. Mande-me um e- mail neytrevas@globo.com e aí te dou mais detalhes e descobrimos a possibilidade de você participar deste evento. Abraços.

Anônimo disse...

Caro Eric, lembrando que os Egípicios adoravam o DEUS RÄ, e nao rao...

Mme Lepork disse...

Quando eu vejo um dos meus escravos chorando,sendo eu assim tão grandiosa e magnânima,sempre pergunto:-"O que falta á esssa pobre criatura?"..ao que me responderam certa vez: -"Senhora, é que o povo não tem pão."...À que eu respondi sabiamente:-"Se não tem pão, dêem-lhes casacos de vison."..E o povo encantado me aplaudiu.